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Iraquianos protestam para exigir retirada militar dos EUA

24/01/2020 09h36

Por John Davison e Aziz El Yaakoubi

BAGDÁ (Reuters) - Milhares de iraquianos se reuniram em dois cruzamentos no centro de Bagdá, nesta sexta-feira, depois que um clérigo proeminente pediu um "milhão de fortes" protestos contra a presença militar norte-americana, por causa dos assassinatos de um general iraniano e de um chefe da milícia iraquiana pelos Estados Unidos.

A marcha inicial parecia ter perdido ritmo, com grande parte se dissipando após várias horas. Alguns se juntaram a manifestantes antigovernamentais na Praça Tahrir, em Bagdá, e outros entraram em ônibus para ir para casa.

O protesto convocado por Moqtada al-Sadr teve como objetivo pressionar pela retirada das tropas norte-americanas. Muitos manifestantes antigovernamentais temiam que isso pudesse ofuscar seus atos de meses que têm desafiado o poder dos grupos xiitas apoiados pelo Irã.

O principal clérigo xiita muçulmano do Iraque, Grande Aiatolá Ali al-Sistani, pediu mais tarde em seu sermão semanal para grupos políticos formarem um novo governo o mais rápido possível para trazer estabilidade ao país e promulgar reformas para melhorar a vida dos iraquianos.

Sadr, que comanda milhões de pessoas nas vastas favelas de Bagdá, se opõe a toda interferência estrangeira no Iraque, mas recentemente se alinhou mais com o Irã, cujos aliados dominam instituições estatais desde uma invasão liderada pelos EUA em 2003.

Sadr apoiou protestos antigovernamentais quando começaram em outubro, mas não pediu publicamente que seus seguidores se juntassem a eles.

Desde então, as manifestações visam todos os grupos e figuras que fazem parte do sistema pós-2003, incluindo Sadr, que, apesar de frequentemente considerado um estranho, faz parte desse sistema, comandando um dos dois maiores blocos do Parlamento.

"Nós queremos todos eles fora - América, Israel e os políticos corruptos do governo", disse Raed Abu Zahra, funcionário da saúde na cidade de Samawa, no sul, que chegou de ônibus à noite e ficou no vasto distrito de Bagdá controlada pelos seguidores do clérigo.

"Também apoiamos os protestos em Tahrir, mas entendemos por que Sadr realizou esse protesto aqui para que não tire a atenção deles", acrescentou.

Homens e mulheres marcharam agitando as cores vermelho, branco e preto e gritaram slogans contra os Estados Unidos, que lideram uma coalizão militar contra os militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

(Reportagem adicional de Nadine Awadalla)