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Em Auschwitz, Polônia e Israel condenam ressurgimento do antissemitismo

27/01/2020 14h52

Por Joanna Plucinska e Maayan Lubell

OSWIECIM, Polônia (Reuters) - Os presidentes de Israel e da Polônia pediram nesta segunda-feira maiores esforços para combater o antissemitismo, no momento em que o mundo marca 75 anos desde a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, em meio a preocupações com o ressurgimento global do preconceito contra judeus.

Mais de 1,1 milhão de pessoas, na maioria judeus, morreram nas câmaras de gás do campo ou de fome, frio e doenças.

"Nosso dever é combater o antissemitismo, o racismo e a nostalgia fascista, aqueles males que... ameaçam corroer as bases de nossas democracias", disse o presidente israelense, Reuven Rivlin, em um local próximo ao antigo campo, que agora é um museu.

O presidente polonês, Andrzej Duda, que não compareceu ao Memorial do Holocausto de Israel na última quinta-feira porque não estava autorizado a falar, agradeceu a Rivlin por sua presença em Auschwitz.

"Essa presença é um sinal de lembrança, é um sinal visível de oposição ao tratamento desumano, ao ódio, contra todas as formas de ódio, especialmente o ódio racista", disse Duda.

Criado pela Alemanha nazista na Polônia ocupada em 1940, a princípio para abrigar prisioneiros políticos poloneses, Auschwitz se tornou o maior dos centros de extermínio, onde o plano de Adolf Hitler de matar todos os judeus --a chamada "Solução Final"-- foi colocado em prática.

Auschwitz foi libertado pelas tropas soviéticas em 1945.

Ao retornar ao local onde seus parentes foram assassinados, Yvonne Engelman, sobrevivente do Holocausto de 92 anos, que agora vive na Austrália, relembrou os horrores do campo.

"Ouvíamos crianças tossindo, chorando, sufocando com o gás e também com o cheiro de carne humana, e sentíamos grande medo de que talvez seríamos a próxima vítima", disse.

Durante uma cerimônia sombria no portão do campo, Duda falou da eficiência assustadora do plano genocida nazista, que incluía vastos crematórios para queimar os corpos das vítimas.

"Durante anos, a fábrica da morte operou em plena capacidade. A fumaça subia das chaminés. As pessoas caminhavam e caminhavam aos milhares. Para encontrar a morte", disse ele em uma reunião que incluiu várias dezenas de sobreviventes idosos, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe.

Além dos judeus, mais de 70.000 poloneses foram deportados para Auschwitz, além de 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos e vários milhares de outras pessoas.

(Reportagem adicional de Pawel Florkiewicz, Marcin Goclowski, Wojciech Zurawski e Malgorzata Wojtunik)

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF