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Franciscanos rezam pelos doentes do mundo em Via Dolorosa vazia antes da Páscoa

06/04/2020 12h31

Por Stephen Farrell e Rinat Harash

JERUSALÉM (Reuters) - Franciscanos com túnicas marrons percorreram uma Jerusalém deserta rumo à Igreja do Santo Sepulcro, o foco global do festival mais importante do calendário cristão --mas em uma cidade desprovida de peregrinos da Páscoa.

Entre eles estava o padre Francesco Patton, de 56 anos, o guardião da Igreja Católica para a Terra Santa, responsável por proteger os sítios sagrados.

"Estamos vivendo dias estranhos. Normalmente, a esta altura a Cidade Velha estaria cheia de... peregrinos vindo para a Semana Santa", disse ele depois que seu grupo rezou diante da porta trancada da igreja que é sua sede.

A caminhada cerimonial dos franciscanos ao longo da Via Dolorosa marca o percurso que os cristãos acreditam que Jesus fez rumo à crucificação e à ressurreição.

Nesta Páscoa, a rota conta com novas saliências em bronze que retratam o percurso, um presente de Verona esculpido pelo artista italiano Alessandro Mutto. Mas não há ninguém para vê-las.

"É um pouco triste ver isso... ninguém consegue percorrê-la. Mas sabemos que, neste momento, muitas pessoas estão percorrendo uma Via Dolorosa pessoal, quando penso naqueles que estão no hospital e em suas casas lutando contra o coronavírus", disse Patton.

A Covid-19 já infectou mais de 8.600 pessoas em Israel e causou 52 fatalidades. Os moradores estão isolados em casa, a não ser para atividades essenciais, que não incluem cerimônias religiosas.

Por isso, as denominações cristãs que dividem a custódia do Santo Sepulcro enfrentam fechamentos inéditos no passado recente, assim como líderes judeus e muçulmanos, em uma cidade que têm santuários das três religiões. A Páscoa judaica e a cristã e o Ramadã caem neste mês – a festa cristã no dia 12 de abril.

Como outros clérigos, os franciscanos se sujeitam às diretrizes de distanciamento social ao orarem na Via Dolorosa enquanto param nas 14 Estações da Cruz que assinalam os acontecimentos que culminaram no sepultamento de Jesus.

Quando chegam ao Santo Sepulcro, eles oram pelos doentes e os moribundos de todo o mundo e pelas equipes médica que os tratam --os antecessores de Patton tratavam os enfermos nos tempos medievais.

"Uma pequena comunidade franciscana começou a morar no Santo Sepulcro em 1333, então vocês podem imaginar o que significa para nós este lugar", disse ele.

"...A responsabilidade de orar no local em que Jesus derrotou a morte, orar por todos que estão, neste momento, praticamente face a face com a morte."