Topo

Mundo pode buscar economia mais verde e igualitária pós-pandemia, diz grupo da sociedade civil

28/05/2020 15h49

Por Sonia Elks

LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - Os planos para reestruturar economias devastadas após a pandemia de coronavírus oferecem uma chance de criar sociedades mais ecológicas e igualitárias em meio à revolta mundial crescente com a desigualdade cada vez maior, disse o grupo Civicus nesta quinta-feira.

A crise aprofundou e explicitou as desigualdades econômicas, com muitos empregos essenciais, como entrega de alimentos e cuidados médicos, mal remunerados, insegurança no trabalho e poucas salvaguardas sociais, disse a organização internacional de ação civil.

"Este realmente é um divisor de águas", disse o chefe de programas Mandeep Tiwana à Thomson Reuters Foundation em uma entrevista de Nova York, acrescentando que o desespero pode transbordar na forma de tumultos se nenhuma ação for adotada.

"As pessoas estão ao mesmo tempo famintas e revoltadas... é absolutamente crítico que neste momento os tomadores de decisão façam com que aqueles que estão sofrendo mais privação sejam os primeiros a serem lembrados".

Mais de 1 bilhão de trabalhadores, muitos deles mal pagos, podem perder seus empregos por causa da pandemia, alertou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no mês passado.

A Civicus disse que quaisquer tentativas de reafirmar políticas de austeridade ou priorizar as necessidades das grandes empresas em recuperação devem ser evitadas, já que os impactos afetariam aqueles que já sofreram mais.

A entidade também pediu ações de combate à mudança climática, inclusive incentivando as pessoas a continuar trabalhando de maneiras que reduzam as pegadas de carbono e desenvolvendo propostas ecológicas para fomentar a produção, o consumo e os empregos sustentáveis.

Protestos realizados em 2019 já mostraram uma tendência clara de clamores por economias mais justas, disse a Civicus em seu relatório anual com base em 50 entrevistas com ativistas da sociedade civil e líderes de todo o mundo.

Muitas manifestações foram desencadeadas por pressões econômicas --dos custos do transporte no Chile aos preços dos combustíveis no Zimbábue--, mas se tornaram campanhas mais amplas contra as desigualdades e a corrupção, disseram pesquisadores.

Separadamente, ativistas pediram reformais globais para impedir que empresas que usam paraísos fiscais recebam pacotes de ajuda financeira contra a Covid-19 e para garantir que os países em desenvolvimento recebam as rendas que precisam para financiar sua recuperação do coronavírus.