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Secretário de Justiça diz que Trump demitiu principal procurador de Manhattan, a seu pedido

20/06/2020 19h46

Por Sarah N. Lynch e Karen Freifeld

WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O secretário de Justiça dos Estados Unidos, William Barr, disse no sábado que o presidente Donald Trump havia demitido Geoffrey Berman, o principal procurador federal em Manhattan, cujo escritório está investigando o advogado de Trump Rudolph Giuliani, depois que Berman se recusou publicamente a deixar o cargo.

Em uma carta a Berman, Barr disse estar "surpreso e bastante decepcionado" com a declaração de Berman na noite de sexta-feira em que ele se recusou a deixar o emprego, dizendo que Berman havia escolhido "espetáculo público em vez de serviço público".

"Pedi ao presidente para destituí-lo a partir de hoje, e ele o fez", disse Barr, acrescentando que a vice-procuradora Audrey Strauss para o distrito sul de Nova York se tornará a interina do cargo até que um substituto permanente seja escolhido.

Um porta-voz do Ministério Público no Distrito Sul de Nova York se recusou a comentar se Berman deixaria o cargo.

Falando a repórteres ao deixar a Casa Branca para um comício em Tulsa, Oklahoma, Trump pareceu contradizer a carta de Barr, dizendo que a demissão de Berman era uma questão para Barr e não era seu "departamento".

"O procurador-geral Barr está trabalhando nisso. Esse é o departamento dele, não o meu departamento... isso depende dele. Não estou envolvido", disse Trump.

A remoção de Berman do cargo marca outro desdobramento notável em uma crise crescente no Departamento de Justiça que começou na noite de sexta-feira, quando Barr inesperadamente anunciou que Berman estava deixando o cargo e seria substituído pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, Jay Clayton.

Berman, no entanto, emitiu uma declaração afirmando que não tinha intenção de deixar o cargo até o Senado confirmar seu sucessor, e que as investigações de seu gabinete continuariam.

O impasse segue o mais recente de uma série de movimentos incomuns de Barr que, segundo os críticos, visam beneficiar Trump politicamente e minar a independência do Departamento de Justiça.

Isso também acontece quando Trump tenta purgar autoridades que não o apoiam totalmente.

O gabinete de Berman, conhecido por processar casos de terrorismo, crimes financeiros de Wall Street e corrupção do governo, não tem se esquivado de assumir apurações na órbita de Trump.

Ele supervisionou a acusação de Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Trump, indiciou dois associados de Giuliani e lançou uma investigação sobre Giuliani em conexão com seus esforços para desenterrar a sujeira de adversários políticos de Trump na Ucrânia.

Giuliani não foi formalmente acusado de nenhuma irregularidade.