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Bolsonaro critica imprensa e diz que respeito ao teto de gastos é norte do governo

Bolsonaro afirmou que a imprensa virou um parte de oposição do governo - VAN CAMPOS/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro afirmou que a imprensa virou um parte de oposição do governo Imagem: VAN CAMPOS/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

Eduardo Simões

Da Reuters, em São Paulo

14/08/2020 11h42

O presidente Jair Bolsonaro criticou hoje a imprensa, após reportagens que relataram a admissão feita por ele na véspera de que há discussões dentro do governo para furar o teto de gastos, e afirmou que o respeito ao teto é um "norte" do seu governo.

"Não há dúvidas de que parte da grande imprensa tradicional virou partido político de oposição ao atual governo. Quando indagado na live de ontem sobre 'furar' o teto, comecei dizendo que o ministro Paulo Guedes mandava 99,9% no Orçamento", escreveu em uma sua conta no Facebook.

"Tudo, após essa declaração, resumia que por mais justa que fosse a busca de recursos por parte de ministros finalistas, a responsabilidade fiscal e o respeito (à) Emenda Constitucional do 'teto' seriam o nosso norte. Mesmo assim, após a live, nos sites dessa grande imprensa do contra, viam-se as mais variadas e absurdas notícias onde 'o presidente admitia que o teto poderia ser furado'. Apenas posso lamentar essa obsessão pelo 'furo jornalístico' onde a verdade é a primeira vítima nesses órgãos de comunicação, que teimam em desinformar e semear a discórdia na sociedade."

Em sua transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feira, Bolsonaro admitiu que há discussões dentro do governo para furar o teto de gastos e afirmou: "A ideia de furar teto existe, é só um debate, qual é o problema?"

Apesar de reconhecer as discussões por membros do governo, o presidente destacou que a intenção de furar o teto não foi levada adiante, e questionou ainda a reação do mercado financeiro ao que chamou de "vazamento" de informações. O presidente cobrou ainda "patriotismo" dos agentes do mercado.

"Foi uma discussão de pauta... que resolvemos não levar adiante. Mas alguém vazou e todo mundo apanhou, eu apanhei nessa questão. O mercado reage, dólar sobe, a bolsa cai. Mas o mercado tem que dar um tempinho também, né? Dar um tempinho também, um pouquinho de patriotismo não faz mal a ele, não ficar aí aceitando essa pilha", disse na transmissão.

A declaração, feita em transmissão ao vivo pelas redes sociais, ocorreu um dia após Bolsonaro ter participado de reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre a política econômica, afirmando após o encontro respeitar o teto de gastos e que quer responsabilidade fiscal.

Maia e Guedes têm sido dois dos principais defensores da manutenção da responsabilidade fiscal dos gastos públicos, admitindo apenas as despesas extraordinárias decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

Em outra mensagem no Facebook, o presidente publicou uma foto da capa da edição desta sexta do jornal Folha de S.Paulo, que traz pesquisa Datafolha apontando para alta de 5 pontos percentuais na avaliação positiva de seu governo e queda de 10 pontos na negativa e afirmou: "Verdade, meia verdade ou fake news?"

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.