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Mundo não deve politizar sofrimento do Líbano, diz Irã

Refugiado sírio caminha sobre escombros de casa destruída por explosão em Beirute - ALKIS KONSTANTINIDIS
Refugiado sírio caminha sobre escombros de casa destruída por explosão em Beirute Imagem: ALKIS KONSTANTINIDIS

Maher Chmaytelli

14/08/2020 12h32

A comunidade global deveria ajudar o Líbano, ao invés de impor sua vontade ao país, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã durante uma estadia em Beirute hoje após a explosão catastrófica no porto da cidade, que matou 172 pessoas e levou o governo a renunciar.

O Irã apoia o Hezbollah, movimento armado libanês poderoso que, juntamente com seus aliados, ajudou a compor o governo recém-desfeito. Os Estados Unidos classificam o Hezbollah como um grupo terrorista.

Mohammed Javad Zarif falou depois de se encontrar com o presidente Michel Aoun, que mais cedo havia se reunido com autoridades norte-americanas e francesas em meio a um frenesi de diplomacia ocidental que se concentra em exortar o Líbano a combater a corrupção e aplicar reformas longamente adiadas para liberar o auxílio financeiro estrangeiro e enfrentar uma crise econômica.

"Deveria haver esforços internacionais para ajudar o Líbano, não para impor nada a ele", disse Zarif em comentários televisionados.

Mais cedo, ele comentou que o povo libanês e seus representantes deveriam decidir o futuro da nação. "Não é caridoso explorar a dor e o sofrimento do povo com objetivos políticos."

Os libaneses vêm realizando protestos raivosos contra uma elite política acusada dos muitos problemas do país mesmo antes da explosão de 4 de agosto, que feriu 6.000 pessoas, danificou partes da cidade mediterrânea e deixou 300 mil desabrigados. Cerca de 30 pessoas continuam desaparecidas.

A tragédia aprofundou intensamente a revolta contra as autoridades.

"Não podemos viver assim. O Ocidente tem que pressionar nossos líderes a salvar-nos", disse Iyaam Ghanem, um farmacêutico de Beirute.

O subsecretário de Estado norte-americano para Assuntos Políticos, David Hale, e a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, se encontraram separadamente com Aoun nesta sexta-feira.

Mais tarde, em comentários televisionados, Parly pediu a formação de um governo capaz de tomar "decisões corajosas".

Na quinta-feira, Hale disse que o FBI participará de um inquérito sobre a explosão ocorrida em um hangar do porto em que um material altamente explosivo detonou e formou uma nuvem de cogumelo. Ele pediu o fim de "governos ineficazes e promessas vazias".

A ajuda humanitária internacional está chegando em grande quantidade, mas países estrangeiros condicionaram qualquer auxílio financeiro à reforma do Estado libanês, que não está pagando suas dívidas soberanas imensas.

Zarif disse que Teerã e empresas privadas iranianas estão prontas para ajudar na reconstrução e na reativação do setor elétrico do Líbano, um dos principais alvos de reformas.

(Por Maher Chmaytelli, Michael Georgy e redações de Beirute e Dubai.)