Escritora premiada com o Nobel deixa Belarus para receber tratamento médico na Alemanha
Por Andrei Makhovsky
MINSK (Reuters) - Svetlana Alexievich, escritora premiada com o Nobel e figura proeminente da oposição de Belarus, partiu rumo à Alemanha, mas sua viagem não tem relação com a política e ela planeja voltar, disse uma assistente à Reuters nesta segunda-feira.
Alexievich é uma de dois integrantes veteranos do Conselho de Coordenação da oposição bielorrussa que não foram presos ou deixaram o país desde o início da repressão aos protestos em massa contra o presidente Alexander Lukashenko após uma eleição que seus oponentes dizem ter sido fraudada.
Alexievich, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 2015, se tornou uma crítica cada vez mais explícita das autoridades, e um processo criminal foi aberto contra o Conselho de Coordenação por causa de acusações de tentativa ilegal de tomada do poder.
Seus membros acusam Lukashenko de burlar a eleição de 9 de agosto para conquistar um sexto mandato, o que ele nega.
Alexievich viajou à Alemanha para receber tratamento médico e por razões de trabalho, disse sua assistente, Tatiana Tyurina, por telefone, acrescentando: "Ela voltará."
Tyurina disse que a autora tinha reuniões de negócio planejadas e que pretende participar de uma feira literária na Suécia e de uma cerimônia de premiação na Itália.
"É claro, a volta também dependerá de as autoridades permitirem que ela volte", disse Tyurina.
O arcebispo de Minsk, Tadeusz Kondrusiewicz, que revoltou Lukashenko por defender os direitos dos manifestantes, foi parado na fronteira no início de setembro quando voltava de uma cerimônia na vizinha Polônia.
Mais de 1.300 pessoas foram detidas em protestos em Belarus, de acordo com o Ministério do Interior.
O Conselho de Coordenação não tinha nenhum comentário imediato sobre a viagem de Alexievich.
Um diplomata veterano da embaixada da Lituânia em Belarus disse que colegas ocidentais em Minsk se revezaram para ficar na casa de Alexievich ou de prontidão para ir ao local às pressas caso as autoridades agissem contra ela.
(Reportagem adicional de Andrius Sytas em Vilnius)
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