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Homem armado com faca decapita mulher e mata mais 2 em ataque em igreja na França

29/10/2020 14h06

Por Eric Gaillard

NICE, França (Reuters) - Um homem armado com uma faca e gritando "Allahu Akbar" (Deus é o maior) decapitou uma mulher e matou duas outras pessoas em um ataque dentro de uma igreja da cidade francesa de Nice, nesta quinta-feira.

Em tom desafiador, declarando que a França foi vítima de um ataque terrorista islâmico, o presidente Emmanuel Macron disse que mobilizará mais soldados para proteger instalações essenciais, como locais de culto e escolas.

Falando no local do ataque, ele disse que o país foi atacado "devido aos nossos valores, por nosso gosto pela liberdade, pela capacidade de se ter liberdade de crença em nosso solo".

"E volto a dizer com muita clareza hoje: não cederemos nenhum terreno", afirmou.

Na Arábia Saudita, a televisão estatal noticiou que um saudita foi preso na cidade de Jidá depois de atacar e ferir um guarda no consulado francês. A embaixada francesa disse que o guarda foi hospitalizado depois de um ataque com faca, mas que não corre risco de morte.

Horas depois do ataque em Nice, a polícia matou um homem que ameaçava transeuntes com uma arma de fogo em Montfavet, perto de Avignon, cidade do sul da França.

O jornal francês Le Figaro citou uma fonte da procuradoria segundo a qual o homem está passando por um tratamento psiquiátrico e esta não acredita que ele tinha motivação terrorista.

O prefeito de Nice, Christian Estrosi, disse que o ataque em sua cidade ocorreu na igreja de Notre Dame e que foi semelhante à recente decapitação do professor Samuel Paty, que usou caricaturas do profeta Maomé em uma aula, perto de Paris.

Os ataques desta quinta-feira, o aniversário do profeta Maomé, aconteceram em um momento de revolta muçulmana crescente com a defesa da França ao direito de publicar as caricaturas, e manifestantes denunciaram o país em manifestações de rua em vários países de maioria muçulmana.

Após o atentado em Nice, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, elevou o alerta de segurança nacional para seu nível mais alto.

Jornalistas da Reuters no local disseram que policiais munidos de armas automáticas montaram um cordão de segurança ao redor da igreja. Ambulâncias e veículos dos bombeiros também estavam presentes.

O ataque ocorreu perto das 9h (horário local), quando o homem entrou na igreja e cortou a garganta do sacristão, decapitou uma idosa e feriu gravemente uma terceira mulher que morreu posteriormente, de acordo com uma fonte da polícia.

A França ainda está se recuperando do assassinato do professor Paty, de origem chechena, em um subúrbio de Paris no início deste mês. O agressor disse que queria punir Paty por mostrar aos alunos desenhos do profeta Maomé.

A França, com a maior comunidade muçulmana da Europa, sofreu uma série de ataques de militantes islâmicos nos últimos anos, incluindo explosões de bombas e tiroteios em 2015 em Paris que mataram 130 pessoas e um ataque de 2016 em Nice, no qual um militante roubou um caminhão e atropelou uma multidão à beira-mar comemorando o Dia da Bastilha, matando 86.

(Reportagem de Sudip Kar-Gupta, Maher Chmaytelli, Raya Jalabi e Mahmoud Mourad)