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Portugal mantém eleição presidencial em meio a espiral de casos de Covid-19

23/01/2021 13h05

Por Victoria Waldersee

LISBOA (Reuters) - Eleitores portugueses - em grande parte confinados em suas casas por causa de medidas restritivas em razão da Covid-19 - escolherão um novo presidente no domingo, mas muitos temem que a ida às urnas possa piorar um aumento nos casos de coronavírus e um baixo comparecimento é esperado.

O país de 10 milhões de habitantes, que se saiu melhor do que outros na primeira onda da pandemia, agora tem a maior média anual de novos casos e mortes per capita em sete dias.

As autoridades relataram um número recorde diário de 274 mortes e mais de 15.300 novos casos neste sábado.

"Não teria sido um problema esperar mais um mês. Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais", disse o lisboeta Miguel Gonçalves, 55 anos.

Quase dois terços dos eleitores achavam que a eleição deveria ser adiada, mostrou uma pesquisa do instituto de pesquisas ISC/ISCTE na semana passada.

O adiamento da votação exigiria uma mudança na constituição do país - algo que as autoridades disseram que não era possível em tão curto prazo, mas tem havido críticas generalizadas à decisão de prosseguir com o pleito.

"Eles deveriam ter distribuído a votação por mais dias", disse o cientista político João Cancela, da Universidade IPRE-NOVA. "É um erro pensar que as únicas opções eram adiar ou continuar como está."

Votar é a única razão pela qual as pessoas têm permissão para sair de casa para qualquer coisa que não seja trabalho essencial ou viagens, de acordo com as atuais regras de bloqueio em todo o país.

Pesquisadores esperam abstenções recordes, mesmo com equipes voluntárias vestindo equipamentos de proteção coletando cédulas na porta de cerca de 13.000 eleitores em quarentena, e cerca de 250.000 pessoas se inscreveram para votar antecipadamente para evitar multidões.

"Estamos agora enfrentando um risco duplo - altas abstenções e o fato de que aqueles que comparecerem estarão fora de suas casas", disse o líder da oposição Rui Rio.

As pesquisas de opinião mostram que o atual presidente Marcelo Rebelo de Sousa, do Partido Social-Democrata de centro-direita, provavelmente vencerá a reeleição com facilidade, com a candidata de esquerda Ana Gomes prevista em segundo lugar e líder do Chega, da extrema-direita, Andre Ventura, em terceiro.

Apesar de seu papel principalmente cerimonial, os presidentes podem vetar certas leis e decretar estados de emergência.

(Reportagem adicional de Catarina Demony e Patricia Rua)