Biden toma medidas duras para conter mudanças climáticas e promete criação de empregos
Por Valerie Volcovici e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou nesta quarta-feira uma série de decretos para combater a mudança climática, o que inclui a suspensão de novas concessões de exploração de petróleo e gás em terras federais e o corte de subsídios para combustíveis fósseis, parte de políticas ambientais que marcam um grande contraste com as de seu antecessor, Donald Trump.
Os decretos indicam a direção da pauta do presidente democrata contra a mudança climática e em favor do clima e são uma reversão da postura de Trump, empresário transformado em político republicano que tentou maximizar a produção de petróleo, gás e carvão retirando regulamentos e amenizando a supervisão ambiental.
"Na minha visão, nós já esperamos demais para lidar com essa crise climática", disse Biden em cerimônia na Casa Branca, destacando a ameaça que o país enfrenta com a intensificação de tempestades, incêndios florestais, enchentes e secas relacionadas às mudanças climáticas, além da poluição atmosférica causada pela queima de combustíveis fósseis. "É hora de agir."
Biden apresentou uma "abordagem que envolve todo o governo" para colocar as preocupações com as mudanças climáticas no centro das políticas externas e de segurança nacional dos EUA, assim como no planejamento doméstico. Ele disse que a construção de uma moderna e resiliente infraestrutura ligada ao clima e de um futuro com energias renováveis criará milhões de empregos com bons salários.
"Esse é um caso em que consciência e conveniência se cruzam, em que lidar com essa ameaça existencial ao planeta e aumentar nosso crescimento e prosperidade econômica são a mesma coisa. Quando penso nas mudanças climáticas e nas respostas a elas, penso em empregos", acrescentou Biden, que enfrenta a pressão da ala progressista de seu próprio partido por uma ação agressiva contra a mudança climática.
O foco de Biden na mudança climática animou parceiros internacionais e defensores do clima, mas contrariou a indústria petrolífera, que argumenta que as medidas custarão milhões de empregos e bilhões de dólares ao país em um momento no qual a economia está abalada pela pandemia de Covid-19.
Biden instruiu o Departamento do Interior a suspender novas concessões federais de petróleo e gás em terras públicas ou águas profundas "tanto quanto possível" e a realizar uma "revisão rigorosa" das concessões já existentes, bem como das práticas permitidas.
John Kerry, enviado especial para o clima dos EUA, elogiou os decretos presidenciais durante a cúpula virtual do Fórum Econômico Mundial em Davos nesta quarta-feira, dizendo que elas mostram que Biden fez da mudança climática "o ponto central" de seu governo.
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