Topo

Esse conteúdo é antigo

Covid: Cientistas questionam necessidade de vacinas de reforço

Kate O"Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da Organização Mundial da Saúde - Divulgação/OMS
Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da Organização Mundial da Saúde Imagem: Divulgação/OMS

Julie Steenhuysen e Kate Kelland

13/05/2021 09h48Atualizada em 13/05/2021 10h07

Desenvolvedores de vacinas contra o novo coronavírus estão postulando com ousadia cada vez maior que o mundo precisará de vacinas de reforço anuais, ou de novas vacinas contra variantes preocupantes do coronavírus, mas alguns cientistas questionam quando, ou se, tais vacinas serão necessárias.

Em entrevistas à Reuters, mais de uma dezena de especialistas influentes em doenças infecciosas e em desenvolvimento de vacinas disseram que existem indícios crescentes de que uma primeira rodada de vacinações globais pode oferecer uma proteção duradoura contra o coronavírus e as variantes mais preocupantes descobertas até o momento.

Alguns destes cientistas expressaram o receio de que as expectativas públicas a respeito de vacinas de reforço contra a covid-19 estejam sendo criadas por executivos de farmacêuticas, e não por especialistas médicos, mas muitos concordaram que se preparar para tal necessidade por precaução é prudente.

Eles temem que uma pressão de nações ricas por uma repetição de vacinações ainda neste ano aprofunde a lacuna com países mais pobres que estão tendo dificuldade para comprar vacinas e podem levar anos para inocular seus cidadãos até mesmo uma vez.

"Ainda não vemos os dados que embasariam uma decisão sobre haver ou não a necessidade de vacinas de reforço", disse Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O'Brien disse que a OMS está formando uma comissão de especialistas para avaliar todos os dados de variantes e de eficácia de vacinas e recomendar mudanças nos programas de vacinação de acordo com a necessidade.

O executivo-chefe da Pfizer Inc, Albert Bourla, disse que as pessoas "provavelmente" precisarão de uma dose de reforço da vacina da empresa a cada 12 meses - semelhante à vacina anual contra a gripe - para manter níveis altos de imunidade contra o vírus SARS-CoV-2 original e suas variantes.

"Existe zero, e quero dizer zero, indício que sugira que este é o caso", contrapôs o doutor Tom Frieden, ex-diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

"É completamente inadequado dizer que provavelmente precisaremos de um reforço anual, porque não temos ideia da probabilidade disto", disse Frieden, que hoje lidera a iniciativa global de saúde pública Resolve to Save Lives, a respeito das afirmações da Pfizer sobre as vacinas de reforço.

Respondendo às críticas, a Pfizer disse que acredita na necessidade de reforços enquanto o vírus ainda estiver circulando amplamente.