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Mesquitas desaparecem enquanto China tenta "construir uma Xinjiang linda"

13/05/2021 14h34

Por Cate Cadell

QIRA, China (Reuters) - A mesquita de Jiaman da cidade de Qira, situada em Xinjiang, região do extremo oeste da China, está escondida atrás de muros altos e cartazes de propaganda do Partido Comunista, o que não dá às pessoas que passam pelo local nenhum sinal de que ali existe uma instalação religiosa.

No final de abril, durante o mês muçulmano sagrado do Ramadã, duas mulheres uigures étnicas se sentavam atrás de uma grade de arame minúscula debaixo de uma câmera de vigilância dentro do complexo do que durante muito tempo foi o maior local de culto da cidade.

A Reuters não conseguiu determinar se o local funciona atualmente como uma mesquita.

Minutos depois de os repórteres chegarem, quatro homens à paisana apareceram e assumiram posições ao redor do local, trancando portões de edifícios residenciais próximos.

Eles disseram aos repórteres que é ilegal tirar fotos e que estes deveriam partir.

"Não há mesquita aqui... nunca houve uma mesquita neste local", disse um dos homens em resposta a uma pergunta da Reuters sobre a existência de uma mesquita do lado de dentro, sem querer se identificar.

Os minaretes dos quatro cantos do edifício, visíveis em imagens de satélite disponíveis ao público em 2019, desapareceram. Não ficou claro se se tratava de um local de culto na ocasião em que as imagens de satélite foram registradas.

Nos últimos meses, a China intensificou uma campanha na mídia estatal e em visitas arranjadas pelo governo para se contrapor a críticas de pesquisadores, grupos de direitos humanos e ex-moradores de Xinjiang que dizem que milhares de mesquitas são alvo de uma repressão à população majoritariamente muçulmana uigur da região.

Autoridades de Xinjiang e de Pequim disseram a repórteres na capital chinesa que nenhuma instalação religiosa foi destruída à força ou restrita e os convidou a visitar e noticiar.

"Ao invés disso, adotamos uma série de medidas para protegê-las", disse Elijan Anayat, porta-voz do governo de Xinjiang, a respeito das mesquitas no final do ano passado.

Cartazes diante da mesquita de Xinqu informavam que um empreendimento de moradia será desenvolvido em breve no local.

"Pela unidade étnica, construa uma Xinjiang linda", dizia um cartaz.

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC