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Tóquio tem recorde de casos diários de Covid-19 e procura ampliar leitos de hospital

27/07/2021 09h51

Por Antoni Slodkowski e Sam Nussey

TÓQUIO (Reuters) - As 2.848 novas infecções por Covid-19 de Tóquio nesta terça-feira são a maior marca da sede da Olimpíada desde o início da pandemia, segundo autoridades, e a imprensa publicou que elas pediram que hospitais preparem mais lentos para pacientes, com a variante Delta impulsionando o surto.

O crescimento de casos ameaça reduzir ainda mais o apoio ao primeiro-ministro Yoshihide Suga, cujas taxas de aprovação caíram ao menor patamar desde que ele assumiu o poder em setembro, em grande parte pela maneira como lidou com a pandemia.

O aumento também representa problemas para a Olimpíada, com muitos japoneses temendo que o fluxo de atletas e autoridades possa piorar o surto. Cerca de 31% da população, segundo uma pesquisa do jornal Nikkei na segunda-feira, disse que os Jogos deveriam ser cancelados ou adiados novamente.

"Evite sair de casa desnecessariamente e eu quero que vocês vejam a Olimpíada e a Paralimpíada pela televisão", disse Suga, discursando aos cidadãos após uma reunião de ministros que supervisionam a resposta ao coronavírus.

"Como vimos uma queda no fluxo de pessoas, não há essa opção", disse Suga, ao ser questionado se cancelar a Olimpíada era uma opção.

O Japão evitou surtos devastadores que assolaram outras nações, como Índia, Indonésia e os Estados Unidos, mas a quinta onda da pandemia, alimentada pela variante Delta, está pressionando os hospitais de Tóquio.

A quantidade de casos severos de Covid-19 na cidade no último mês praticamente dobrou para 78 até segunda-feira, segundo dados do governo. Internações por causa do coronavírus também pularam em uma proporção similar, chegando a 2.717.

Até domingo, apenas 20,8% dos 12.635 pacientes de Covid-19 na capital japonesa haviam conseguido obter tratamento hospitalar, mostraram os dados. Um painel consultivo do governo disse que se essa taxa cair abaixo de 25%, um estado de emergência tem que ser ativado.

Em antecipação ao surto, e considerando a difícil situação hospitalar, Tóquio já declarou um quarto estado de emergência este mês que durará até depois da Olimpíada.

"É a variante Delta", disse Kenji Shibuya, um ex-diretor do Instituto para a Saúde da População do King's College, de Londres, explicando o surto recente.

Shibuya acrescentou que era impossível quantificar até que ponto a Olimpíada contribuiu para o aumento, mas culpou o evento como "uma das principais forças motrizes".

"O governo enviou sinais de que as pessoas têm que ficar em casa ao mesmo tempo em que comemoraram os Jogos. É uma mensagem totalmente inconsistente", disse Shibuya, que agora está liderando a vacinação em uma cidade no norte do Japão.

Médicos disseram que, como a campanha de imunização começou com os mais velhos, a maioria das pessoas afetadas agora tem entre 40 e 50 anos e muitas se recuperaram. Recentemente, Tóquio registrou uma morte em 19 de julho, uma queda aguda das 38 mortes em 31 de janeiro.

Apenas 36% da população recebeu pelo menos uma dose de vacina, segundo o rastreamento de vacinas da Reuters.

As imunizações diminuíram recentemente por obstáculos logísticos, após uma aceleração mês passado depois de um começo lento. Quase dois terços dos que responderam à pesquisa da Nikkei disseram que a campanha de imunização não estava indo bem.

(Por Sam Nussey, Linda Sieg, Rocky Swift, Mari Saito, Yuka Obayashi, Takashi Umekawa, Ami Miyazaki, Antoni Slodkowski e Kiyoshi Takenaka)

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES