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Defesa de voto impresso com 'mentira' não é 'causa boa', diz Barroso

Luís Roberto Barroso disse ainda que quem mente deveria ser denunciado - Nelson Jr/STF
Luís Roberto Barroso disse ainda que quem mente deveria ser denunciado Imagem: Nelson Jr/STF

Do UOL, em São Paulo

29/07/2021 16h46Atualizada em 29/07/2021 17h57

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luis Roberto Barroso, disse hoje que o voto impresso traria insegurança ao processo eleitoral e que não pode ser uma boa causa, dada a agressividade com que é defendida.

"Nenhuma causa que precise de mentira, desinformação, agressividade e grosseria pode ser uma causa boa", afirmou ele, em discurso na inauguração da nova sede do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Acre.

O ministro disse ainda que quem mente deveria ser denunciado.

"Não paro para bater boca, não me distraio com miudezas. Vivo para fazer o que é certo, justo e legítimo, sem ser o dono da verdade, porque numa democracia não tem dono da verdade. A democracia é o regime em que há muitas verdades possíveis. Mas a mentira deliberada tem dono e essa precisa ser adequadamente denunciada"

Luis Roberto Barroso, presidente do TSE

Mais cedo, Barroso voltou a ser criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que disse que o ministro estaria "contra a democracia". "Por que um ministro do Supremo Tribunal Federal vai para dentro do Congresso conversar com lideranças e várias delas trocam os integrantes de comissão? Qual é o poder de convencimento de Barroso?", questionou em conversa com apoiadores.

No discurso, Barroso disse estar em contato com o Congresso, que é a quem cabe a decisão sobre o voto impresso. "Quais são os problemas que levam a Justiça Eleitoral a defender que não é bom o voto impresso? Com a ressalva de que essa decisão não é nossa, quem tem que decidir é o Congresso, onde estive debatendo e expondo argumentos", disse.

Ele continuou, dizendo que a impressão do voto traria insegurança ao processo. "O voto impresso não é mecanismo de auditoria do voto eletrônico, pela singela razão de que é menos seguro que o voto eletrônico. Você não cria um mecanismo de auditoria menos seguro que o objeto auditado", declarou.

Para ele, o problema estaria ao transportar esses recibos. "Estamos falando em 150 milhões de votos em um país que, em muitas partes, há roubo de cargas, milícia. Transportar isso com o risco que isso envolve, armazenar isso para que não apareça, e depois, isso é coisa de filme de terror, recontar os votos a mão", disse. "Vamos criar um mecanismo de autoria que vai trazer insegurança, riscos".

A urna eletrônica passa por diversas auditorias durante o processo eleitoral, diferentemente do que tem sido dito pelo presidente e apoiadores.