Pandemia afeta saúde mental de atletas nos Jogos de Tóquio
Por Gabrielle Tétrault-Farber e Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) - Isolamento e ausência de familiares e amigos têm afetado a saúde mental dos atletas na Olimpíada de Tóquio, e alguns estão sofrendo para lidar com os desafios da pandemia ao mesmo tempo em que carregam as esperanças de seus países no grande palco do esporte global.
Após a saída da prova coletiva da ginástica artística na terça-feira, Simone Biles afirmou que estava carregando o peso do mundo em seus ombros. Esse fardo parece ter sido exacerbado por um ano de luto, perda e restrições associados à pandemia de Covid-19.
"Geralmente, você fica um tempo na vila (olímpica), tudo isso", disse Biles. "É chato quando você sente o peso do mundo. Não há escapes, com a quantidade de treinos que fazemos."
Os atletas tiveram seus treinamentos pré-olímpicos prejudicados pelos lockdowns e o acesso restrito às instalações atléticas, e o adiamento dos Jogos gerou preocupação sobre o calendário de classificatórias e a capacidade de viajar internacionalmente sem contrair o vírus.
Familiares e amigos não podem torcer por eles nas arquibancadas de Tóquio e seus movimentos são muito restritos.
A pandemia levou a equipe norte-americana de ginástica a evitar a agitação da Vila Olímpica e se hospedar em um hotel nas redondezas por motivos de segurança, o que tira um pouco do brilho da experiência olímpica.
"Não digo que não temos uma grande configuração", disse Biles. "Escolhemos isso para ficarmos seguros da Covid, os protocolos e tudo".
"TRAJETÓRIA DIFÍCIL"
Mesmo antes de chegar a Tóquio, os atletas enfrentaram pressões novas e pouco familiares associadas à pandemia. Precisaram encontrar maneiras de treinar durante o lockdown e se classificar ao maior evento esportivo sem comprometer sua saúde ou a de suas famílias e comunidades.
"Quando descobrimos que os Jogos haviam sido adiados pela pandemia, nossa base de treinamentos foi fechada. Ficamos em quarentena por um ano e meio e treinando o tempo inteiro", afirmou a ginasta Angelina Melnikova, do Comitê Olímpico Russo, que venceu os EUA para levar a medalha de ouro na prova feminina por equipes.
Outros atletas contraíram Covid-19 na viagem para Tóquio, nos próprios Jogos ou nos primeiros momentos da pandemia, o que ameaçou descarrilar anos de trabalho extenuante pela Olimpíada.
O nadador britânico Tom Dean contraiu Covid-19 duas vezes na preparação para Tóquio, o que o forçou a passar dias em isolamento e interromper seu treinamento. O atleta de 21 anos ainda ganhou a medalha de ouro nos 200 metros livre na terça-feira para ajudar o Reino Unido a ter seu melhor começo em Jogos Olímpicos.
Outros atletas que contraíram Covid-19 não tiveram tanta sorte.
O esgrimista sul-coreano Oh Sangue, que foi internado por um mês com o vírus, caiu nas quartas de final contra o Georgiano Sandro Bazadze, perdendo por 15 x 13.
Como tantas pessoas ao redor do mundo, atletas olímpicos também perderam entes queridos ao vírus. A colega de Biles, Sunisa Lee, que levou três medalhas no Mundial de 2019, perdeu a tia e o tio para a pandemia enquanto se preparava para Tóquio.
(Reportagem adicional de Sakura Murakami, Aaron Sheldrick, Amy Tennery, Omar Mohammed e Alan Baldwin)
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