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Indígenas, indigentes e imigrantes devem ser prioridade de vacinação na América Latina, diz Unesco

03/08/2021 16h40

Por Lucila Sigal

BUENOS AIRES (Reuters) - As campanhas de vacinação contra o coronavírus na América Latina devem priorizar grupos vulneráveis, como indígenas e moradores de rua, que apresentam maior prevalência e risco de morte pelo vírus, disse a Unesco nesta terça-feira.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura disse ainda que a região deixou de investir em ciência e tecnologia nos últimos cinco anos e que precisa reverter essa situação para diminuir sua dependência de países desenvolvidos para a aquisição de vacinas.

Segundo projeções da Unesco, até o final de 2021 apenas um terço da população da América Latina e do Caribe estará imunizada contra a Covid-19, caso a taxa atual seja mantida, e a região só poderá completar a imunização de 70% de seus habitantes em 2022, quando os países europeus e norte-americanos estariam em uma segunda rodada de vacinação de reforço.

A agência apresentou o documento "Covid-19: Como desenhar planos de vacinação justos e inclusivos?", que busca chamar a atenção para a importância da equidade na distribuição de vacinas em uma região com sete dos 15 países do mundo com maior mortalidade pela doença por 100 mil habitantes.

No gerenciamento da escassez de vacinas, os países priorizaram os idosos, trabalhadores essenciais e pacientes com comorbidades, mas a Unesco disse que além de contemplar critérios epidemiológicos, devem ser considerados os de equidade.

"Esta é a região mais atingida pela Covid no mundo. É uma região com muitas desigualdades", disse Guillermo Anlló, chefe regional para a América Latina e Caribe do Programa de Política Científica, Tecnológica e de Inovação da Unesco, em entrevista à Reuters por telefone.

"Não basta dizer 'vamos priorizar quem tem comorbidades ou grupos essenciais', mas também outras variáveis ​​devem ser incluídas nessa priorização... que têm mais possibilidades de contágio e morte" pela Covid, acrescentou Anlló em referência aos povos indígenas, afrodescendentes, população de rua, imigrantes e pessoas privadas de liberdade.

Argentina, Brasil e México são produtores totais ou parciais de algumas vacinas contra o coronavírus, em alguns casos destinadas a ajudar no abastecimento da região, mas em número insuficiente para as necessidades atuais, afirmou a Unesco.

"A América Latina foi o único continente que desinvestiu em ciência. Tem crescimento negativo... Caiu nos últimos cinco anos e isso é uma preocupação se quisermos falar em desenvolvimento de vacinas", disse Lídia Brito, diretora do Escritório Regional de Ciências da Unesco para a região, na conferência virtual em que apresentou o relatório.

(Por Lucila Sigal)