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Manifestantes protestam no Rio de Janeiro contra morte de congolês

05/02/2022 12h49

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Gritos de "justiça", "parem de matar negros" e "vidas negras importam" deram o tom do ato no Rio de Janeiro neste sábado contra a morte do congolês Moise Kabagambe em frente aos quiosques onde ele foi torturado e morto no fim de janeiro.

O ato contou com a presença de representantes da comunidade do Congo no Rio, de entidades negras, organizações sociais e de sindicatos e centrais sindicais. A família do africano também acompanhou o ato.

"Agradeço a presença de todos aqui e peço justiça para meu filho e paz para todos", disse a mãe de Moise, Ivana Lay.

Um viés político também foi dado por algun participantes do ato, carregando faixas com com a inscrição "Fora Bolsonaro". Gritos contra o presidente também saíram do carro de som que acompanhava ato. "Racista", "fascista" e "não passarão!", entoaram líderes do movimento.

Alguns manifestantes fizeram encenações da morte de Moise. Uma mulher com um pedaço de pau simulava o espancamento de homens negros deitados em frente ao local onde o crime ocorreu.

O clima ficou mais tenso com a chegada de integrantes da comunidade congolesa. O letreiro do quiosque onde Moise trabalhou como diarista foi destruído e alguns ameaçaram incendiar o local. Do alto do carro de som, vieram apelos para evitar a depredação.

A polícia monitoru o ato, mas não conseguiu evitar a interdição das pistas da avenida em frente o local do crime.

"Racistas matam negros todo dia. Temos um racismo institucional aqui. Aqui não foi xenofobia. Negro morre em todo mundo porque são negros", disse a ativista Claudia Vitalino.

"Sou uma cidadã cansada de ver pessoas morrerem pela cor. Desde a escravidão é assim. É uma vergonha nacional", disse à Reuters a veterinária Ana Cristina Arnaut.

A prefeitura do Rio anunciou que pretende transformar os quiosques Biruta e Tropicalia, onde Moise foi espancado e morto, em um memorial e um centro de divulgação da cultura africana.

A medida foi criticada por alguns manifestantes.

"Não formos consultados e precisamos mais do que isso. De uma política de assistência social, educacional em prol da comunidade negra", afirmou à Reuters a ativista Patrícia Santos.

O quiosque Biruta, onde Moise trabalhava informalmente, antes de atuar no Tropicalia, era irregular. Ambos foram interditados pela prefeitura.

(Por Rodrigo Viga Gaier)