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Cubanos aplaudem ação de Biden para aliviar restrições

Bandeira de Cuba em uma rua de Havana - Yamil Lage/AFP
Bandeira de Cuba em uma rua de Havana Imagem: Yamil Lage/AFP

Dave Sherwood e Brian Ellsworth

17/05/2022 21h10

Cubanos em Havana comemoraram nesta terça-feira a decisão do governo dos Estados Unidos de aliviar as restrições da era do ex-presidente Donald Trump sobre remessas de dinheiro e viagens para a ilha, um respiro no momento em que Cuba luta com uma crise econômica e um êxodo em massa de seus cidadãos para os EUA.

As medidas dos EUA, anunciadas na segunda-feira, marcam as mudanças mais significativas na política de Washington para Cuba desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo em janeiro de 2021, mas ficam bem aquém da reaproximação histórica sob o ex-presidente Barack Obama.

Mas, entre os cubanos da ilha desesperados para se reunir com seus entes queridos nos Estados Unidos, o anúncio de que os EUA reiniciariam um programa de vistos destinado a reunir famílias foi saudado como uma bênção.

"Este é o momento pelo qual estávamos esperando", afirmou Elba Castillo, uma mãe de 29 anos que disse estar esperando quatro anos para levar sua filha Isabella, de 2 anos, para os EUA para morar com o pai.

"Tem sido uma longa espera, mas tomara que este ano... nosso sonho se torne realidade."

O governo Biden prometeu na segunda-feira aumentar drasticamente os serviços consulares no país em meio a uma multidão de cubanos que tem aparecido na fronteira sul dos EUA em números que rivalizam com o barco Mariel de 1980. Os EUA disseram que também restabelecerão as viagens educacionais em grupo a Cuba e suspenderão o limite das remessas.

Autoridades dos EUA não deram detalhes sobre os novos programas, mas disseram que os regulamentos serão emitidos em breve.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse após o anúncio de segunda-feira que os Estados Unidos deveriam ter tomado mais medidas para derrubar o embargo da Guerra Fria, chamando as medidas de Biden de "um passo limitado na direção certa".

As tensões entre os rivais de longa data Cuba e EUA aumentaram novamente no ano passado após a repressão de Cuba a manifestantes que saíram às ruas em 11 de julho para atos antigovernamentais que se acredita serem os maiores desde a revolução de Fidel Castro em 1959.

Dez parlamentares republicanos disseram na segunda-feira que o governo Biden deu as costas para aqueles que protestaram em julho passado.

O governo Biden finalmente adotou "uma abordagem política sensata" para Cuba, disse Peter Kornbluh, especialista em relações EUA-Cuba e analista sênior do Arquivo de Segurança Nacional.

"Ao restaurar pelo menos algumas das iniciativas da era Obama sobre viagens, imigração e remessas, o presidente Biden está reconhecendo o valor do engajamento positivo em vez do distanciamento punitivo para promover os interesses dos EUA e os interesses do povo cubano".

Reações de Miami

No restaurante Versailles de Miami, um ponto de encontro popular para a comunidade cubano-americana, apenas duas pessoas estavam do lado de fora na manhã de terça-feira. Ambos seguravam cartazes chamando Biden de "traidor".

O povo cubano está sofrendo com a tirania, disse o exilado cubano de 57 anos Osvaldo Hernández. "Se você dá mais oxigênio à tirania, eles continuam a lhe dar mais repressão."

Em outros lugares, no rádio e na televisão, a resposta de Miami foi silenciosa em comparação com anos anteriores.