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Oceanos estão mais quentes, mais altos e mais ácidos, alerta relatório climático

18/05/2022 09h30

Por Jake Spring

(Reuters) - Os oceanos do mundo atingiram seus níveis mais quentes e ácidos no ano passado, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) alertaram que a guerra na Ucrânia ameaça os compromissos climáticos globais.

Os oceanos registraram os extremos mais marcantes, com a OMM detalhando uma série de turbulências causadas pelas mudanças climáticas em seu relatório anual "Estado do Clima Global". Disse que o derretimento das camadas de gelo ajudou a elevar o nível do mar a novas máximas em 2021.

"Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor retido pelos gases de efeito estufa induzidos pelo homem aquecerá o planeta por muitas gerações", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado.

O relatório segue a última avaliação climática da ONU, que alertou que a humanidade precisa reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa ou enfrentar mudanças cada vez mais catastróficas no clima do mundo.

Taalas disse a repórteres que há pouca repercussão para os desafios climáticos, já que outras crises, como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, ganharam manchetes.

Selwin Hart, assessor especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, para ação climática, criticou os países que renegaram os compromissos climáticos devido ao conflito, que elevou os preços da energia e levou os países europeus a procurar substituir a Rússia como fornecedor de energia.

"Estamos vendo muitas escolhas sendo feitas por muitas das principais economias que, francamente, têm o potencial de garantir um futuro de alto carbono e poluição e colocarão nossos objetivos climáticos em risco", disse Hart a repórteres.

Na terça-feira, o índice global de ações MSCI alertou que o mundo enfrenta um aumento perigoso de gases de efeito estufa se o gás russo for substituído por carvão.

O relatório da OMM disse que os níveis de dióxido de carbono e metano que aquecem o clima na atmosfera em 2021 superaram os recordes anteriores.

Globalmente, a temperatura média no ano passado foi 1,11 grau Celsius acima da média pré-industrial --conforme o mundo se aproxima do limite de 1,5° C, além do qual se espera que os efeitos do aquecimento se tornem drásticos.

"É apenas uma questão de tempo antes de vermos outro ano mais quente já registrado", disse Taalas.

Os oceanos carregam grande parte do impacto do aquecimento e das emissões. Os corpos d'água absorvem cerca de 90% do calor acumulado da Terra e 23% das emissões de dióxido de carbono da atividade humana.

O oceano aqueceu muito mais rápido nos últimos 20 anos, atingindo um novo recorde em 2021, e espera-se que fique ainda mais quente, segundo o relatório. Essa mudança provavelmente levaria séculos ou milênios para ser revertida, observou.

O oceano também é agora o mais ácido em pelo menos 26.000 anos, pois absorve e reage com mais dióxido de carbono na atmosfera.

O nível do mar subiu 4,5 cm na última década, com o aumento anual de 2013 a 2021 mais que o dobro do que foi de 1993 a 2002.

A OMM também listou ondas de calor extremas, incêndios florestais, inundações e outros desastres relacionados ao clima em todo o mundo, destacando relatos de mais de 100 bilhões de dólares em danos.

(Reportagem de Jake Spring e Rachel More)