Desigualdade em alta agora é assunto urgente, alerta grupo dos bancos centrais
Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - Um novo estudo do chamado banco central dos bancos centrais do mundo, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), pediu ações urgentes para combater a crescente desigualdade social, alertando que o problema está alimentando um perigoso ciclo de recessões e pobreza.
Embora as políticas governamentais tenham sido amplamente culpadas pelo aumento da desigualdade desde a década de 1980, os bancos centrais também foram criticados nos últimos anos por alimentar enormes ganhos no mercado de ações com taxas de juros ultrabaixas e esquemas de compra de ativos.
O BIS, ao analisar 182 recessões em 70 países, concluiu que, mesmo seis anos após uma desaceleração, a parcela de rendimentos dos 50% mais pobres em uma economia impactada permaneceu 0,3% abaixo do nível pré-recessão, em média, enquanto para aqueles na faixa dos 10% mais abastados ainda era 0,7% maior.
Economias mais desiguais passam por recessões mais profundas que, por sua vez, aumentam ainda mais a desigualdade, mostrou a análise. Impostos menos progressivos e programas de apoio social em muitos países também agravaram os problemas.
"É cada vez mais evidente que a desigualdade evoluiu de uma questão acadêmica para uma questão política urgente", disse o documento do BIS, acrescentando que um dos principais riscos para os bancos centrais é que suas ferramentas de política se tornem menos eficazes.
O estudo do BIS mostrou que trabalhadores mal pagos em alguns países tinham mais de três vezes mais chances de perder seus empregos durante a pandemia de Covid-19, enquanto a inflação crescente estava agora atingindo desproporcionalmente as famílias mais pobres.
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