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Campanha de Bolsonaro dobra aposta em 'medo do PT' para aumentar rejeição de Lula

Lula e Bolsonaro, candidatos à Presidência da República - Ricardo Stuckert e REUTERS
Lula e Bolsonaro, candidatos à Presidência da República Imagem: Ricardo Stuckert e REUTERS

Ricardo Brito

19/08/2022 13h04Atualizada em 19/08/2022 13h33

A campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) vai intensificar a exploração do medo da volta de um governo do PT nas redes sociais e com o início da propaganda no rádio e na TV com o objetivo de aumentar a rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disseram três interlocutores da campanha e do governo, em uma das estratégias para garantir que a disputa vá para o segundo turno.

A avaliação de duas fontes é que a pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira confirmou a tendência de crescimento de Bolsonaro —ainda que em ritmo lento— registrado por outros levantamentos, com o presidente alcançando no primeiro turno 32% das intenções de voto (tinha 29% no levantamento anterior) e Lula mantendo os 47%.

Segundo as duas fontes, para avançar, a campanha vai explorar as falhas e erros das gestões petistas, envolvendo assuntos como escândalos de corrupção, administração de governo e pauta de costumes, além de "desenterrar" ex e atuais aliados de Lula em publicações nas redes sociais e na propaganda gratuita que começará a ser veiculada a partir da próxima semana.

"A estratégia de bater no PT mal começou", disse uma das fontes, ao citar que a campanha oficialmente só começou na terça-feira. "Lula é o PT, não tem como dissociar", reforçou essa fonte.

Outra frente de ataque ao adversário será continuar batendo na tecla da situação econômica e social dos países da América do Sul que elegeram governos de esquerda, simpáticos ao PT e a Lula. Em suas falas nesta semana, Bolsonaro insistiu neste tipo de expediente.

A campanha de Lula tem se mostrado preocupada com o impacto do discurso anti-PT e trabalha formas de se contrapor a essa ação do quartel-general de Bolsonaro.

Segundo o Datafolha, a rejeição ao ex-presidente chegou a 37% em agosto —era 33% em maio. No mesmo período, aqueles que disseram que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum caíram de 54% para 51%. O levantamento não aferiu rejeição a partidos políticos.

A rejeição ao atual presidente ainda é alta, reconhecem duas fontes da campanha, apesar da leve melhora recente.

Crescimento e benefícios

A campanha de Bolsonaro, segundo uma das fontes, destacou o crescimento das intenções de voto entre as pessoas entre 2 a 5 salários mínimos —reflexo da redução do desemprego e do aumento do emprego com carteira assinada, avaliou essa fonte—, os evangélicos e as mulheres —em especial as evangélicas, resultado da atuação da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Entretanto, o impacto do pacote de bondades do governo na camada do eleitorado mais vulnerável, decorrente da aprovação da PEC dos Benefícios, que aumentou o valor do Auxílio Brasil, distribuiu vale-gás, entre outras iniciativas, ainda não ocorreu na medida do que se esperava, admitiram essas duas fontes. "O Auxílio ainda não está sendo sentido", reconheceu a segunda fonte.

Esse estrato dos eleitores ainda tem forte identificação com Lula.

Essa última fonte disse que os aliados de Bolsonaro esperam um efeito maior nas intenções de voto do presidente nesse eleitorado com o pagamento da segunda parcela dos benefícios, prevista para setembro.

A fonte disse que a campanha pretende explorar no horário eleitoral e nas redes sociais o fato de que o Auxílio Brasil —atualmente em 600 reais, mas com garantia deste valor apenas até o fim deste ano— tem um valor superior ao pago pelo Bolsa Família criado na gestão petista.

Uma terceira fonte disse também que os dados econômicos positivos começam a aparecer, como a deflação recente e a queda no preço dos combustíveis, e que ainda há o peso de ser candidato à reeleição e deter a máquina oficial com ascendência nos rincões do país. Esse tipo de influência as pesquisas não captam, frisou a fonte.