China e Uruguai intensificam laços bilaterais durante reunião em Pequim
Por Joe Cash e Ryan Woo
PEQUIM (Reuters) - China e Uruguai intensificaram nesta quarta-feira seus laços bilaterais, preparando terreno para mais comércio e investimentos, conforme o vizinho de Brasil e Argentina busca fechar acordos no exterior que considera mais benéficos do que a participação em um bloco comercial local.
Em uma reunião no Grande Salão do Povo de Pequim, o presidente chinês, Xi Jinping, disse ao seu colega uruguaio, Luis Lacalle Pou: "A China está pronta para trabalhar com o Uruguai para estabelecer uma parceria estratégica abrangente como um novo ponto de partida... e enriquecer a cooperação", de acordo com a mídia estatal chinesa.
O anúncio eleva os laços do Uruguai com a China a um patamar de igualdade com o Brasil e a Argentina, dois outros membros do bloco comercial Mercosul.
Durante anos, a China buscou laços mais estreitos com os mercados emergentes da América do Sul, em grande parte para garantir matérias-primas, incluindo grãos e óleos para sua economia. A segunda maior economia do mundo também é um grande investidor e ofereceu acesso livre de tarifas ao seu enorme mercado consumidor para quatro Estados.
Lacalle Pou, em 2021, propôs pela primeira vez um acordo de livre comércio com a China para garantir aos seus exportadores oportunidades semelhantes àquelas desfrutadas por Chile, Costa Rica, Equador e Peru, e para impulsionar suas exportações de matérias-primas, bens industriais e tecnologia, mas enfrenta a oposição de outros membros do Mercosul que querem estabelecer um TLC com a Europa.
Atualmente, a China não tem preferência tarifária para a carne bovina uruguaia, que constituiu 67% das exportações do país sul-americano para o gigante asiático em 2022, de acordo com dados do Comtrade das Nações Unidas, e em cujo mercado a carne bovina paga uma tarifa de 12%. Austrália e Nova Zelândia, dois outros grandes exportadores de carne bovina com TLCs com a China, pagam tarifas de 3,3% e 0%, em comparação.
O Uruguai não pode assinar facilmente um TLC com a China porque concordou com uma "Tarifa Externa Comum" com os membros do Mercosul e, portanto, não pode oferecer unilateralmente melhores condições a Pequim. E o bloco chegou a um acordo em princípio sobre um TLC com Bruxelas em 2019.
De acordo com a TEC do Mercosul, os exportadores chineses precisam pagar tarifas de 9%, caso queiram exportar para o Uruguai, o que é melhor do que a tarifa de 12% que os pecuaristas uruguaios enfrentam quando enviam carne bovina para a China.
Após as conversas, Xi e Lacalle Pou testemunharam a assinatura de vários documentos de cooperação em diversos setores, incluindo agricultura, educação, ciência e tecnologia, bem como sobre inspeções alfandegárias, o que pode ser uma vantagem para as exportações de carne do país latino-americano.
O Uruguai é um dos poucos países a ter um superávit comercial com a China, que no ano passado dobrou para 1,5 bilhão de dólares, ante 766 milhões de dólares em 2021, de acordo com dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China.
Deixe seu comentário