Republicanos estão "abandonando" a democracia, diz Biden em discurso sobre 6 de janeiro
Jeff Mason;Steve Holland;Trevor Hunnicutt;Andrew Goudsward;
05/01/2024 19h19Atualizada em 05/01/2024 19h36
O presidente Joe Biden disse nesta sexta-feira que os apoiadores do republicano Donald Trump, seu provável oponente nas eleições de 2024, abandonaram a verdade sobre o que aconteceu em 6 de janeiro e afirmou que cabe a todos impedir que Trump reconquiste a Casa Branca.
Em seu primeiro grande discurso de campanha do ano, Biden disse que quando ocorreram os ataques de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA "não havia dúvidas sobre a verdade" e que até mesmo alguns membros republicanos do Congresso e comentaristas da Fox News condenaram, de forma pública e privada, os atos dos apoiadores de Trump.
"Mas agora que o tempo passou ? política, medo, dinheiro ? todos intervieram. E aquelas vozes MAGA (sigla do slogan 'Make America Great Again') que conhecem a verdade sobre Trump e o 6 de janeiro abandonaram a verdade e abandonaram a nossa democracia", disse Biden.
"Eles fizeram a sua escolha. Agora, o resto de nós ? Democratas, independentes, os principais republicanos ? temos de fazer a nossa escolha", disse. "Eu conheço a minha. E acredito que conheço a da América."
Biden tem ampliado a pressão sobre Trump como uma forma de mudar a narrativa de sua campanha, afastando-a de sua maneira de lidar com a economia dos EUA e da discussão sobre sua idade, 81 anos. Trump tem 77 anos.
Trump, que governou a nação entre 2017 e 2021, lidera a corrida pela nomeação republicana. Ele não aceitou sua derrota em 2020, fazendo com que milhares de apoiadores atacassem o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. A tentativa fracassada de impedir a certificação dos resultados eleitorais resultou em cinco mortos e dezenas de policiais feridos.
Antes de seu discurso em uma faculdade comunitária em Blue Bell, no Estado da Pensilvânia, Biden passou por Vale Forge, local utilizado como base de inverno por George Washington na Guerra da Independência dos EUA, nos meses frios do fim de 1777 e início de 1778.
"George Washington estava no auge de seu poder após derrotar o império mais poderoso da Terra. Ele poderia ter se agarrado ao poder o quanto quisesse. Mas essa não era a América pela qual ele e seus soldados norte-americanos de Valley Forge tinham lutado", afirmou Biden, em trechos do discurso publicados por sua campanha.
"Na América, nossos líderes não se agarram ao poder implacavelmente. Eles devolvem o poder ao povo, voluntariamente. Você faz o seu dever. Você serve ao seu país. E o nosso é um país digno de ser servido. Não somos perfeitos, mas no nosso melhor, enfrentamos de frente o bom, o mau, a verdade sobre quem somos. Isso é o que grandes nações fazem, e somos uma grande nação, a maior de todas", acrescentou.
Biden realizou seu discurso nesta sexta-feira, um dia antes de 6 de janeiro, porque a previsão do tempo indica uma tempestade de inverno no sábado.
Antes do discurso de Biden, a campanha de Trump exibiu publicidade acusando o presidente de ser "o verdadeiro destruidor da democracia", citando a investigação do conselheiro especial Jack Smith contra Trump pelas ações de 6 de janeiro.
Procurador veterano e conhecido por perseguir chefes da máfia, Smith acusou Trump de conspirar para reverter ilegalmente os resultados das eleições de 2020.
A publicidade de Trump afirma que Biden tenta "justificar sua pressão para botar na cadeia seu principal rival político e alijar os norte-americanos do seu direito de escolher o próximo presidente por meio de um lawfare político corrupto".
Adversários de Trump pela nomeação do Partido Republicano foram mais claros em criticar o ex-presidente por seus atos em 6 de janeiro, mas pesquisas de opinião mostram que os eleitores da legenda estão menos propensos a culpar Trump pelo ocorrido naquele dia do que há três anos.
A expectativa é de uma corrida eleitoral acirrada neste ano, e os assessores de Biden veem a Pensilvânia, onde o presidente nasceu, como um Estado crítico para a vitória. Ele venceu em 2020, com 50,01% dos votos. Em 2016, Trump levou na Pensilvânia, com 48,58%. (Reportagem de Jeff Mason e )