Resíduos de pesca sufocam vida marinha e ameaçam saúde humana na Patagônia argentina
Por Miguel Lo Bianco
PENÍNSULA VALDÉS, Argentina (Reuters) - Montanhas de resíduos plásticos da indústria pesqueira cobriram a costa ao longo da Península Valdés, na Patagônia argentina, ameaçando a vida de leões marinhos, peixes, pinguins e baleias e colocando em risco a saúde humana.
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O litoral da península na costa atlântica da Argentina, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco por sua beleza natural, está repleto de caixotes, redes, boias e outros instrumentos de pesca lançados ao mar e levados para a costa.
"Esses plásticos são compostos de produtos químicos e poluentes que podem causar uma série de doenças tanto em humanos quanto na fauna marinha", disse Diego González, biólogo que estuda resíduos de pesca industrial.
Jornalistas da Reuters capturaram cenas de carcaças de animais se decompondo entre pilhas de lixo plástico na praia do Pico Sayago, enquanto outros bichos continuavam navegando em volta do lixo.
A Península Valdés, 1.000 quilômetros ao sul de Buenos Aires, é um dos principais destinos turísticos do país. É também um local de conservação de mamíferos marinhos e lar de grandes populações de baleias francas, elefantes marinhos, leões marinhos e pinguins.
González, da organização nacional de pesquisa científica Conicet, disse que há possíveis preocupações de longo prazo à medida que os plásticos na praia se decompõem.
"Devido às correntes, ao Sol ou até mesmo à passagem do tempo, esses plásticos podem se decompor e se tornar microplásticos", disse González.
Os chamados microplásticos podem então ser ingeridos pela vida marinha e, mais tarde, pelos seres humanos, explicou.
A quantidade de resíduos plásticos que flui para os oceanos e sufoca a vida marinha pode triplicar nos próximos 20 anos, a menos que as empresas e os governos tomem medidas drásticas para acabar com o despejo, de acordo com um estudo de 2020 da Pew Charitable Trusts e da Systemiq.