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Candidato de esquerda à Presidência do Uruguai: nenhum plano para aumento de impostos, foco no crescimento

17/10/2024 12h42

Por Lucinda Elliott

MONTEVIDÉU (Reuters) - O candidato presidencial uruguaio de centro-esquerda Yamandu Orsi, líder nas pesquisas antes das eleições deste mês, planeja evitar aumentos impopulares de impostos, apesar do déficit cada vez maior, e em vez disso, pretende estimular o crescimento econômico.

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Em sua primeira entrevista com a imprensa internacional antes da votação de primeiro turno em 27 de outubro, o ex-prefeito regional de 57 anos minimizou temores de que seu governo tentaria aumentar a arrecadação de impostos elevando taxas sobre os ricos ou sobre as empresas, o que alguns temem que afetaria a reputação do país de ser favorável aos investidores.

"Não vejo a necessidade de aumentar os impostos", disse o candidato da coalizão de esquerda Frente Ampla à Reuters na capital Montevidéu. Orsi enfrentará o candidato do bloco conservador governista, Álvaro Delgado, na eleição de 27 de outubro.

"O que é necessário é o crescimento e fazer a economia crescer."

O crescimento econômico na relativamente rica nação agrícola de 3,4 milhões de pessoas desacelerou no ano passado, embora esteja no caminho certo para ganhar tração em 2024. O país tem registrado déficits fiscais regulares, que, segundo analistas, qualquer novo governo precisará resolver.

"O déficit em conta corrente piorou no último ano", disse a economista uruguaia Maria Dolores Benavente. "Esse indicador é o único calcanhar de Aquiles que o Uruguai tem."

O banco de investimentos J.P. Morgan escreveu em uma nota de outubro que o novo governo precisará levar adiante "reformas estruturais" para evitar que o déficit fiscal aumente.

Orsi, entretanto, indicou que não cederia a essa pressão.

Ele disse que cortar empregos estatais e aumentar impostos não são a solução para lidar com o déficit. Em vez disso, seu governo procuraria impulsionar o crescimento por meio da inovação e da tecnologia, atraindo investimentos e qualificando trabalhadores, acrescentou.

O ex-professor de história também sinalizou que poderia frear a pressão do atual governo conservador por um acordo de livre comércio com a China, concentrando-se mais em acordos por meio do bloco comercial regional do Mercosul e do gigante vizinho Brasil.

"Devemos sempre trabalhar para estar dentro do limite do que o Mercosul nos permite, sem ir além dele", disse, referindo-se ao bloco que inclui Argentina, Brasil e outros países próximos. Ele disse que romper com o bloco seria "absurdo" e "irrealista".

Orsi acrescentou, entretanto, que a porta sempre estará aberta a investimentos da China, o maior parceiro comercial do Uruguai. "Não vamos esquecer que os chineses têm a proposta do Cinturão e Rota, que é muito útil para nós", disse, referindo-se à iniciativa da China de conectar a Ásia com a Europa e a África por meio de redes terrestres e marítimas.

O atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, alimentou tensões com outros membros do Mercosul com seus planos de acordos comerciais fora do bloco. Críticos do Mercosul dizem que ele impede o Uruguai de aumentar suas exportações de produtos como carne bovina e soja. Lacalle Pou continua popular, mas a Constituição do Uruguai não permite que líderes concorram à reeleição imediata.

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