Ucrânia busca definir "posições iniciais" para negociações sobre guerra após retorno de Trump
Por Tom Balmforth
KIEV (Reuters) - À medida que a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos aproxima a perspectiva de discussões para pôr fim à guerra na Ucrânia, Kiev está buscando se colocar na posição mais forte para quaisquer negociações, inclusive garantindo mais armas e resistindo no campo de batalha.
Uma autoridade ucraniana disse que os próximos quatro ou cinco meses serão cruciais, sinalizando como o retorno de Trump à Casa Branca está concentrando as atenções de Kiev em um possível fim da guerra. O republicano, que tomará posse como presidente dos EUA em 20 de janeiro, tem dito que encerrará a guerra rapidamente, mas não disse como.
"Este inverno é um ponto crítico... Espero que a guerra esteja chegando ao fim. Neste momento, definiremos as posições de ambos os lados nas negociações, as posições iniciais", disse a autoridade à Reuters, solicitando anonimato para discutir questões sensíveis de segurança.
As autoridades estão esperando para ver quem Trump escolherá para os principais cargos de segurança e defesa a fim de obter pistas sobre como ele moldará a política em relação à Ucrânia. Ele descartou nomear o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, visto em Kiev como pró-Ucrânia.
A Rússia está avançando no campo de batalha em seu ritmo mais rápido desde 2022, apesar de sofrer grandes perdas, e a Ucrânia disse na semana passada que havia entrado em confronto com alguns dos cerca de 11.000 soldados norte-coreanos enviados para a região russa de Kursk.
Pressionadas pela escassez de mão de obra, as Forças Ucranianas têm perdido parte do terreno que capturaram em uma incursão em Kursk em agosto, que o presidente Volodymyr Zelenskiy disse que poderia servir como moeda de troca.
O sistema de energia da Ucrânia está mantendo as luzes acesas por enquanto com a chegada do inverno, mas a ameaça de outro grande ataque russo à rede permanece.
Drones atacam Kiev quase todas as noites, embora a Rússia talvez não queira alienar a nova equipe de Trump destruindo o sistema.
Depois de manter o que ele disse ser um "excelente" telefonema com Trump na quarta-feira, Zelenskiy disse no dia seguinte que está convencido de que um fim rápido da guerra significaria que Kiev aceitaria grandes concessões.
"Se for apenas rápido, isso significa perdas para a Ucrânia. Eu ainda não entendo como isso poderia ser de outra forma. Talvez não saibamos de algo, não estejamos vendo", disse Zelenskiy.
Ele também criticou a discussão por um cessar-fogo sem que a Ucrânia receba primeiro garantias robustas de segurança que impediriam a Rússia de lançar uma ofensiva ainda maior mais tarde.
"É um desafio muito assustador para nossos cidadãos: primeiro um cessar-fogo, depois veremos. Quem são vocês? Seus filhos estão morrendo?", disse Zelenskiy em comentários aparentemente direcionados ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que havia proposto um cessar-fogo.
O Kremlin disse na sexta-feira que o presidente Vladimir Putin está pronto para discutir a Ucrânia com Trump, mas que isso não significa que as exigências de guerra de Moscou haviam mudado.
Putin estabeleceu seus termos para o fim da guerra em junho: a Ucrânia teria que abandonar suas ambições de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e retirar suas tropas de todo o território de quatro regiões reivindicadas pela Rússia, algo que Kiev vê como semelhante à capitulação.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberZelenskiy, por sua parte, delineou um "plano de vitória" para o presidente dos EUA, Joe Biden, reiterando seu pedido de permissão para atacar alvos militares mais profundos na Rússia, receber um convite da Otan para adesão e obter armas mais potentes.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.