Não há alternativa para a UNRWA em Gaza além de Israel, diz chefe da agência
A única alternativa para a agência de assistência palestina da ONU em Gaza é permitir que Israel administre os serviços no local, disse seu chefe nesta segunda-feira, repetindo apelos para que Estados resistam a uma proibição israelense.
Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, está em Genebra para uma reunião estratégica com doadores, após Israel proibir a agência de operar em seu território no mês passado, no que ele disse ser o momento mais sombrio dos 75 anos de história da UNRWA.
"Continuam me perguntando se sim ou não (há) um plano B? Não há plano B", disse Lazzarini a jornalistas nos bastidores da reunião.
"Se não houver uma resposta da ONU ou da comunidade internacional, a responsabilidade voltará para a potência ocupante, que é Israel."
A United Nations Relief and Works Agency (Agência das Nações Unidas de assistência aos refugiados palestinos) fornece auxílio a muitos habitantes de Gaza que ficaram desabrigados pela guerra de 13 meses que, segundo as autoridades palestinas, matou mais de 43.000 pessoas e reduziu a maior parte do enclave a escombros.
Israel acusou repetidamente a UNRWA de estar envolvida nos ataques liderados pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadearam a atual guerra e nos quais 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram tomadas como reféns, de acordo com registros israelenses.
Uma investigação da ONU apurou que nove funcionários da UNRWA poderiam estar envolvidos e os demitiu. A crise fez com que alguns doadores suspendessem temporariamente o financiamento, embora a maior parte tenha sido restaurada desde então, com a notável exceção de Washington, um dos principais doadores.
Lazzarini afirmou que pediu aos países presentes na reunião de Genebra que tentassem impedir o projeto de lei do Parlamento israelense, que deve entrar em vigor no final de janeiro.
"Estaremos operando até o dia em que não pudermos mais operar e, enquanto isso, esgotaremos todas as vias diplomáticas possíveis", disse.
O impacto da proibição israelense já está sendo sentido pela agência, disse Lazzarini.
Ele citou um incidente no qual, segundo ele, uma funcionária da UNRWA foi interrogada e algemada a um poste pelas forças israelenses na semana passada na Cisjordânia ocupada, sem fornecer detalhes.
O Exército de Israel disse que precisa de mais informações, incluindo a data e o local do suposto incidente, antes de responder à alegação de Lazzarini.
Um acordo com o Congresso dos EUA barra fundos norte-americanos para a UNRWA até março de 2025, quando o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, visto como fortemente pró-Israel, estará na Casa Branca.
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