Secretário do governo Bolsonaro é preso pela PF em investigação sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, dizem fontes
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro foi preso nesta terça-feira em uma operação da Polícia Federal que investiga planos de um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito na eleição de 2022, incluindo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disseram duas fontes com conhecimento da apuração.
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Mario Fernandes é general de brigada do Exército e ocupou a segunda posição na hierarquia da Secretaria-Geral da Presidência, então comandada por Luiz Eduardo Ramos, general do Exército que é próximo de Bolsonaro e foi comandante do Comando Militar do Sudeste (CMSE).
Além de Fernandes, o policial federal Wladimir Matos Soares e quatro militares das forças especiais do Exército, conhecidos como kids pretos, também foram presos, disseram as fontes.
O plano de execução das autoridades foi encontrado com Fernandes, afirmou uma das fontes.
A reportagem tenta localizar a defesa dos envolvidos.
Mais cedo, em nota que não menciona os nomes dos investigados, a PF disse que as investigações apontam que a organização criminosa utilizou elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022, quando Bolsonaro ainda ocupava a Presidência.
"Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos", disse a PF em nota.
"Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado", continuou a PF.
Esse ministro, de acordo com as fontes, é Moraes, responsável no Supremo por inquéritos que investigam Bolsonaro e pelas investigações dos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O magistrado também é relator do inquérito das Fake News, instaurado durante o governo Bolsonaro, e é alvo de ataques constantes de apoiadores do ex-presidente nas redes sociais.
O planejamento elaborado pelos investigados, de acordo com a nota da PF, detalhava recursos humanos e bélicos necessários para as ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas. Ainda haveria uma posterior instituição de um "Gabinete Institucional de Gestão de Crise", a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações, segundo a PF.
Os policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.
O cumprimento dos mandados está sendo feito no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.