Papa Francisco pede diálogo para fim de guerra na Ucrânia
Por Joshua McElwee
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco, em sua mensagem de Natal nesta quarta-feira, pediu conversações entre Ucrânia e Rússia para acabar com a guerra entre os dois países que começou há dois anos e já matou dezenas de milhares de pessoas.
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Em discurso de Natal "Urbi et Orbi" (Para a Cidade e o Mundo), Francisco mencionou diretamente o conflito na Ucrânia e pediu "a ousadia necessária para abrir a porta para a negociação".
Falando da sacada central da Basílica de São Pedro para milhares de pessoas na praça abaixo, o papa disse: "Que o som das armas seja silenciado na Ucrânia devastada pela guerra!" Ele também pediu "gestos de diálogo e encontro, a fim de alcançar uma paz justa e duradoura".
Francisco, que é papa desde 2013, foi criticado por autoridades ucranianas este ano quando disse que o país deveria ter a coragem da "bandeira branca" para negociar o fim da guerra com a Rússia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, já havia descartado a possibilidade de se envolver em negociações de paz sem a restauração das fronteiras da Ucrânia antes da guerra. Mas Zelenskiy tem demonstrado uma disposição cada vez maior de entrar em negociações nas semanas seguintes à reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
No início de dezembro, Zelenskiy levantou a ideia de um acordo diplomático que envolveria um "congelamento" das linhas de batalha atuais e o envio de tropas estrangeiras para a Ucrânia. A Rússia exigiu que a Ucrânia abandone suas ambições de se juntar à aliança militar da Otan.
Francisco, de 88 anos, comemorando o 12º Natal de seu pontificado, pediu o fim dos conflitos, políticos, sociais ou militares, em lugares como Líbano, Mali, Moçambique, Haiti, Venezuela e Nicarágua.
SITUAÇÃO EM GAZA "EXTREMAMENTE GRAVE"
Francisco, que recentemente se tornou mais crítico em relação à destruição da Faixa de Gaza por Israel, descrevendo-a na semana passada como "crueldade", também renovou seu apelo por um cessar-fogo na região e pela libertação dos reféns israelenses restantes mantidos pelo Hamas.
O papa chamou a situação humanitária em Gaza de "extremamente grave" e pediu que "as portas do diálogo e da paz (fossem) abertas".
Israel já matou mais de 45 mil pessoas em Gaza, em sua maioria civis, segundo autoridades de Gaza. A campanha israelense deslocou quase toda a população e deixou grande parte do território em ruínas.
Francisco abriu um Ano Santo para a Igreja Católica global na noite de terça-feira, véspera de Natal, que se estenderá até 6 de janeiro de 2026. Um Ano Santo católico, também conhecido como Jubileu, é considerado um período de paz, perdão e indulto.
Na quarta-feira, o papa disse que o ano do Jubileu deve ser um momento para "cada indivíduo, e todos os povos e nações (...) se tornarem peregrinos da esperança, para silenciar o som das armas e superar as divisões".
Francisco também disse que esse deve ser um momento para "derrubar todos os muros de separação".
O papa pediu uma "solução mutuamente acordada" para derrubar o muro da fronteira que divide a ilha mediterrânea de Chipre entre a República de Chipre e a República Turca de Chipre do Norte desde 1974.