Socialistas franceses decidem não apoiar voto de desconfiança contra premiê

Por Makini Brice e Elizabeth Pineau

PARIS (Reuters) - O Partido Socialista da França, de centro-esquerda, não apoiará um voto de desconfiança contra o primeiro-ministro francês, François Bayrou, nesta quinta-feira, disseram fontes do partido, uma decisão que permite que o fraco governo minoritário de Bayrou viva para lutar mais um dia.

Já era esperado que Bayrou sobrevivesse ao voto de desconfiança na noite de quinta-feira, depois de um debate que começou à tarde, já que o Reunião Nacional (RN), de extrema-direita, liderado por Marine Le Pen, sinalizou que não apoiará a medida.

Mas havia pontos de interrogação sobre a posição dos socialistas, e Bayrou buscou o apoio deles para evitar ficar dependente do RN, inclusive oferecendo renegociar uma reforma previdenciária de 2023 que desagrada a esquerda.

Se os socialistas apoiarem a moção de desconfiança, Bayrou se verá novamente dependente do RN, que poderá retirar seu apoio à vontade. Se eles não apoiarem a medida, ele terá mais tempo para aprovar a lei orçamentária de 2025 que levou à queda de seu antecessor, Michel Barnier.

Duas fontes do Partido Socialista disseram à Reuters que a decisão de não apoiar um voto de desconfiança foi tomada em uma reunião do partido.

"O Partido Socialista não votará pela desconfiança hoje", disse uma das fontes à Reuters.

A instabilidade política na França, que teve quatro primeiros-ministros no ano passado, abalou os mercados.

O líder socialista Olivier Faure havia dito anteriormente que a promessa de Bayrou de reabrir as negociações sobre a reforma previdenciária não era suficiente e que o partido apoiaria o voto de desconfiança na ausência de uma resposta clara às suas demandas.

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A presidente da câmara baixa do Parlamento francês advertiu, nesta quinta-feira, que haveria grandes riscos se uma moção de desconfiança contra o governo fosse bem-sucedida, pois atingiria áreas como o orçamento.

"Temos o orçamento, que é a prioridade número um", disse Yael Braun-Pivet à TF1 TV.

"Hoje, precisamos nos unir e superar nossas diferenças para que o país avance e seja capaz de responder a questões de grande importância."

Braun-Pivet disse que, se a moção de desconfiança for aprovada, a França não poderá aprovar a legislação sobre agricultura e uma lei especial sobre Mayotte, o território ultramarino da França que foi atingido por um ciclone no mês passado.

(Reportagem de Makini Brice, Sophie Louet e Elizabeth Pineau)

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