Europa discute mais gastos com defesa, e plano de manutenção de paz na Ucrânia divide opiniões

Líderes europeus se encontraram em Paris nesta segunda-feira para conversas de emergência e pediram gastos maiores para melhorar as capacidades de defesa do continente, mas continuaram divididos sobre a ideia de enviar forças de manutenção de paz para a Ucrânia para apoiar um possível acordo de paz.
A reunião em Paris foi convocada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, após o líder dos Estados Unidos, Donald Trump, organizar negociações bilaterais de paz com a Rússia, excluindo aliados europeus e a Ucrânia das conversas para encerrar a guerra que estão marcadas para começar na Arábia Saudita na terça-feira.
Autoridades europeias ficaram chocadas e desorientadas pelas ações do governo Trump sobre Ucrânia, Rússia e defesa europeia nos últimos dias e agora precisam encarar a realidade de um futuro com menos proteção norte-americana.
A decisão dos EUA de agir sozinho com a Rússia fez as nações europeias perceberem que precisarão fazer mais para garantir a segurança da Ucrânia.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que antes da reunião afirmou que estava disposto a enviar tropas de manutenção de paz à Ucrânia, disse na noite (horário local) desta segunda-feira que precisa haver um compromisso de segurança dos EUA para que países europeus mobilizem soldados. Afirmou que ainda é muito cedo para dizer quantos militares britânicos ele estaria disposto a deslocar.
Uma força de manutenção de paz não apenas aumentaria o risco de conflitos diretos com a Rússia, que lançou uma invasão total da Ucrânia em 2022, mas também pressionaria os Exércitos europeus, cujos arsenais têm sido exauridos pelos fornecimentos à Ucrânia e por décadas de relativa paz.
Também há perguntas difíceis sobre como alguns países europeus em dificuldades financeiras pagariam por esses compromissos militares ampliados.
Gastos com defesa
A pressão de Starmer por forças de manutenção de paz aparentemente traçou uma linha entre os participantes da reunião em Paris.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que não pode haver um acordo de paz sem o consentimento da Ucrânia, mas afirmou que falar sobre uma missão de paz da Alemanha na Ucrânia é "altamente inapropriado" sem um acordo de paz em andamento. Em vez disso, disse que países europeus gastando mais de 2% de seu Produto Interno Bruto em defesa não deveriam ser bloqueados pelas regras orçamentárias da União Europeia.
Giorgia Meloni, da Itália, afirmou que ela também é contra o plano de manutenção de paz, segundo fontes de seu gabinete.
"Foi útil discutir as várias hipóteses que estão sobre a mesa. A que prevê a mobilização de soldados europeus à Ucrânia me parece ser a mais complexa e talvez a menos efetiva e também sobre isso expressei as dúvidas da Itália", ela disse, de acordo com as fontes.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse que está aberta a discutir a mobilização de tropas e que a Europa precisa reforçar seu apoio à Ucrânia e também aumentar os gastos domésticos com defesa.
"A Rússia está ameaçando toda a Europa agora, infelizmente", disse Frederiksen, a repórteres.
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