ONU busca US$6 bilhões para aliviar catástrofe da fome no Sudão

Por Emma Farge

GENEBRA (Reuters) - Autoridades da ONU solicitaram nesta segunda-feira doações de US$6 bilhões neste ano para ajudar a amenizar o que avaliam como a pior catástrofe de fome do mundo e o deslocamento em massa da população devido à guerra civil no Sudão.

O apelo da ONU representa um aumento de mais de 40% em relação ao valor do ano passado para o Sudão, em um momento em de pressão sobre orçamentos de auxílio em todo o mundo -- em parte devido ao congelamento de fundos anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no mês passado, afetando programas que podem salvar vidas ao redor do globo. 

A ONU diz que os recursos são necessários porque o impacto da guerra de 22 meses entre o Exército do Sudão e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) --que já deslocou um quinto da população e provocou fome severa em cerca de metade da população -- aparenta estar prestes a piorar. 

Em uma declaração por vídeo a uma sala repleta de diplomatas em Genebra, a chefe do Programa Alimentar Mundial, Cindy McCain, afirmou que "o Sudão agora é o epicentro da maior e mais severa crise de fome do mundo de todos os tempos". 

Ela não informou números, mas a população total do Sudão  é de aproximadamente 48 milhões de pessoas atualmente. Entre crises de fome anteriores, a de Bengala, em 1943, custou entre 2 e 3 milhões de vidas, segundo várias estimativas, e acredita-se que milhões morreram na Grande Fome Chinesa entre 1959 e 1961.

Condições de fome foram relatadas em pelo menos cinco locais no Sudão, incluindo em campos de deslocados em Darfur, segundo um comunicado da ONU, e a situação está prestes a piorar com a continuação dos combates e o colapso de serviços básicos. 

"Essa é uma crise humanitária realmente sem precedentes por sua escala e gravidade e exige uma resposta sem precedentes em escala e intenção", disse Tom Fletcher, coordenador de ajuda emergencial da ONU.

(Reportagem de Emma Farge)

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