Hamas comemora aparente recuo de Trump sobre retirada de palestinos de Gaza
Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, comemorou nesta quarta-feira o aparente recuo do presidente dos EUA, Donald Trump, em sua proposta de deslocamento permanente de palestinos de Gaza, pedindo que ele se abstenha de se alinhar à visão da "extrema direita sionista".
Relacionadas
A declaração do representante do Hamas ocorreu depois que Trump disse nesta quarta-feira que "ninguém está expulsando nenhum palestino de Gaza", em resposta a uma pergunta durante reunião na Casa Branca com o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin.
"Se as declarações do presidente dos EUA, Trump, representam um recuo em relação a qualquer ideia de deslocar o povo da Faixa de Gaza, elas são bem-vindas", disse Qassem no comunicado.
"Nós (Hamas) pedimos que esta posição seja reforçada, obrigando a ocupação israelense a implementar todos os termos dos acordos de cessar-fogo."
No mês passado, Trump propôs que os EUA tomassem Gaza, onde o ataque militar de Israel nos últimos 17 meses matou dezenas de milhares de pessoas. Anteriormente Trump havia sugerido que os palestinos no enclave fossem permanentemente deslocados.
No domingo, Taher Al-Nono, conselheiro político do líder do Hamas, confirmou conversas diretas e sem precedentes com Washington na capital do Catar, na semana passada, com foco na libertação de um cidadão americano-israelense detido pelo grupo militante em Gaza.
Ele acrescentou que as reuniões entre os líderes do Hamas e o negociador de reféns dos EUA, Adam Boehler, também discutiram como implementar o acordo em fases que visa encerrar a guerra com Israel em Gaza.
Israel e Hamas sinalizaram no sábado que estavam se preparando para a próxima fase das negociações de cessar-fogo, enquanto os mediadores avançavam com as conversas para estender a trégua de 42 dias, iniciada em janeiro.
Uma delegação do Hamas se encontrou nos últimos dois dias com mediadores egípcios e reafirmou sua prontidão para negociar a próxima fase do cessar-fogo. Israel enviou negociadores a Doha na segunda-feira para conversas de cessar-fogo.
As discussões entre Boehler e Hamas romperam com uma política de décadas de Washington contra negociações com grupos que os EUA classificam como organizações terroristas.
O grupo militante islâmico realizou um ataque transfronteiriço ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, desencadeando uma guerra devastadora na Faixa de Gaza que matou mais de 48.000 palestinos, de acordo com autoridades de saúde de Gaza.
Militantes do Hamas mataram 1.200 pessoas e fizeram 251 reféns, de acordo com contagens israelenses.
(Reportagem de Nidal Al Mughrabi no Cairo; texto de Muhammad Al Gebaly)