FBI reduz equipe e rastreamento de investigações de terrorismo doméstico, dizem fontes
Por Andrew Goudsward e Sarah N. Lynch
WASHINGTON (Reuters) - O FBI reduziu o número de funcionários de um escritório voltado para o terrorismo doméstico e eliminou uma ferramenta usada para rastrear essas investigações, em uma mudança que pode prejudicar a capacidade da polícia de combater supremacistas brancos e extremistas antigoverno, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
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As medidas, segundo as fontes, são uma indicação de que as investigações de terrorismo doméstico, que nos últimos anos envolveram em grande parte a violência alimentada por ideologias de direita, podem ser menos prioritárias para o diretor do FBI, Kash Patel, um crítico proeminente do esforço.
Algumas fontes afirmaram que as mudanças reduzirão a capacidade do FBI de monitorar as ameaças representadas por supremacistas brancos e grupos de milícias e, potencialmente, dificultarão a capacidade da polícia de barrar as conspirações. As mudanças ocorrem apesar dos repetidos avisos das autoridades norte-americanas nos últimos anos de que os extremistas domésticos violentos representam algumas das ameaças mais significativas à segurança dos Estados Unidos.
"Acho que há um desejo mais amplo no governo de, na melhor das hipóteses, ignorar os dados e enfiar a cabeça na areia e, na pior, realinhar os recursos para longe dessa batalha", disse Jacob Ware, especialista em terrorismo doméstico do Conselho de Relações Exteriores.
O FBI não respondeu diretamente às perguntas da Reuters sobre as mudanças, mas disse que está comprometido em "proteger os EUA de muitas ameaças, incluindo terrorismo, crimes violentos, tráfico de drogas e ataques cibernéticos".
"Todo o nosso trabalho está focado em proporcionar comunidades mais seguras para nossos cidadãos todos os dias", informou o comunicado.
A liderança do FBI recentemente transferiu agentes e analistas de inteligência de sua Seção de Operações de Terrorismo Doméstico, que apoia investigações realizadas nos 55 escritórios de campo do FBI e fornece informações sobre ameaças domésticas, de acordo com cinco fontes informadas sobre as mudanças.
Duas fontes familiarizadas com as medidas disseram que cerca de 16 pessoas foram realocadas da seção, que teria centenas de funcionários se estivesse totalmente equipada. Uma outra fonte afirmou que autoridades graduadas do FBI discutiram a dissolução total da seção, embora uma decisão final ainda não tenha sido anunciada.
O FBI também interrompeu a prática de marcar as investigações com uma conexão com o terrorismo doméstico, disseram duas das fontes. As marcações eram uma ferramenta importante para ajudar o órgão a identificar tendências e rastrear investigações relevantes em todo o país.
O governo Trump orientou separadamente as Forças-Tarefa Conjuntas contra o Terrorismo do FBI, que investigam ameaças terroristas nacionais e internacionais, a ajudar na repressão à imigração do presidente Donald Trump, de acordo com um memorando visto pela Reuters.
Alguns ex-funcionários disseram que não é incomum que o FBI altere os recursos de acordo com as mudanças nas ameaças. Patel já havia prometido simplificar as operações na sede do FBI em Washington.
FOCO NOS ATAQUES DA TESLA
As mudanças ocorrem em um momento em que o governo Trump disse que tratará os ataques às concessionárias e estações de recarga da Tesla como terrorismo doméstico, um esforço que quase certamente envolverá investigadores do FBI.
Nas últimas semanas, surgiram protestos contra o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, por seu papel de liderança no esforço de Trump para reduzir o governo federal. Pelo menos três pessoas foram acusadas em casos separados de usar coquetéis molotov para incendiar propriedades da Tesla.
As mudanças no FBI também seguem a decisão de Trump de perdoar quase todas as cerca de 1.600 pessoas acusadas de participar do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Os líderes dos grupos de extrema-direita Proud Boys e Oath Keepers foram libertados da prisão como parte da ampla concessão de clemência de Trump.