ENTREVISTA-Ucrânia diz que relações com os EUA estão "de volta aos trilhos"
Por Alessandra Galloni e Christian Lowe
KIEV (Reuters) - As relações entre a Ucrânia e os Estados Unidos estão "de volta aos trilhos", disse o chefe de gabinete do presidente ucraniano à Reuters, depois de um encontro conturbado na Casa Branca no mês passado entre os líderes dos dois países.
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Andriy Yermak disse que duas rodadas de negociações sobre um possível cessar-fogo, realizadas na Arábia Saudita, forneceram a Kiev a oportunidade de mostrar às autoridades norte-americanas que está aberta para trabalhar com o presidente dos EUA, Donald Trump, em sua tentativa de acabar com a guerra de três anos entre Rússia e Ucrânia.
Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que isso contrasta com a abordagem de negociação russa, que, segundo ele, envolve a imposição de condições para um acordo de paz.
"Acho que temos ótimas conversas com os norte-americanos", disse Yermak em uma entrevista em seu escritório em Kiev na terça-feira. "Acho que estamos de volta aos trilhos".
Uma reunião na Casa Branca, em 28 de fevereiro, entre Zelenskiy e Trump, se transformou em uma discussão tensa, com Trump e o vice-presidente JD Vance dizendo que o líder ucraniano demonstrou desrespeito.
Desde então, Kiev tem lançado uma iniciativa para recuperar as relações, começando com um telefonema em 19 de março entre Trump e Zelenskiy, que Yermak descreveu como "ótimo".
Até o momento, não está claro se a abordagem de Kiev levará a resultados concretos nas negociações ou se alterará o desejo de Trump de estreitar os laços com Moscou.
Descrevendo as conversas na Arábia Saudita, onde as autoridades dos EUA têm tentado intermediar acordos entre a Rússia e a Ucrânia, Yermak disse: "Demonstramos que somos muito sérios e os norte-americanos entenderam".
Em contraste, ele disse: "A Rússia está apenas brincando"
Moscou disse que está comprometida com a conquista da paz e acusou Kiev de prejudicar o processo ao lançar ataques contra alvos na Rússia.
Na terça-feira, na Arábia Saudita, os EUA chegaram a acordos separados com a Ucrânia e a Rússia para interromper os ataques sobre o Mar Negro e contra alvos energéticos, mas não ficou claro quando e como os acordos entrarão em vigor.
A Rússia condicionou a trégua no Mar Negro ao afrouxamento de sanções para que possa recuperar o acesso aos mercados internacionais de exportação de fertilizantes e produtos agrícolas.