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Les Echos: Impeachment de Dilma e prisão de Lula são uma "benção" para Bolsonaro

11/04/2018 10h36

A imprensa francesa desta quarta-feira 11 de abril continua analisando a situação política no Brasil após a prisão do ex-presidente Lula.

Jair Bolsonaro assumiu virtualmente a liderança nas sondagens com 20% das intenções de voto, mas terá dificuldades em preservar essa vantagem, acredita o correspondente do jornal económico em São Paulo, Thierry Ogier. Ele explica que "a extrema-direita se deleita" no Brasil. Ela conseguiu destituir Dilma Rousseff há dois anos e agora conseguiu colocar na cadeia o mentor da ex-presidente.

Tudo isso é como "uma bênção" para Jair Bolsonaro, que Les Echos compara a um "Trump tropical". Mas uma "benção" somente em aparência ressalta o artigo.

Discurso militar seduz parte do eleitorado

O deputado ex-coronel foi "o que melhor soube aproveitar o sentimento antissistema que reina no país, a seis meses das eleições presidenciais de outubro. O líder da extrema-direita brasileira é o mais feroz adversário da desordem. Ele explora ao máximo a insatisfação da população com os repetidos escândalos de corrupção e seu discurso militar também agrada aos eleitores que se sentem vulneráveis com o aumento da violência urbana."

O texto lembra ainda suas grosseiras agressões contra uma deputada e os elogios ao torturador de Dilma Rousseff, para afirmar que essas declarações também contribuem para seduzir uma parte do eleitorado.

Estratégia para melhorar imagem

Com a proximidade da campanha eleitoral, Bolsonaro tenta passar uma imagem mais respeitosa, com o objetivo de ampliar à adesão sua candidatura. Ele visa principalmente a maioria conservadora brasileira que o jornalista define pelos três "B", bala, boi e bíblia, mas sem ofuscar os eleitores centristas. Para tentar tranquilizar os investidores, ele promete nomear, se for eleito presidente, o banqueiro Paulo Guedes, que apoia sua candidatura, para o ministério da Fazenda.

Esse roteiro é realista? se pergunta o jornalista. A campanha será movimentada e um "Macron à brasileira" pode inclusive surgir, acredita Les Echos.