Enquanto Macron pede economias, Palácio do Eliseu gasta € 500.000 em pratos de porcelana
O governo contesta a conta divulgada pelo Canard Enchaîné e afirma que só foram desembolsados € 50.000 pelo conjunto de 1.200 peças da Manufatura de Sèvres, renomada casa de fabricação. “Pouco importa o preço, desde que as majestades possam comer em toda dignidade”, comentou o deputado do partido França Insubmissa, François Ruffin.
Para fazer o cálculo, o diário multiplicou o custo dos modelos realizados em Sèvres (€ 408 em média por peça, segundo um relatório de atividades de 2016 da instituição) pelo número de pratos encomendados pelo Eliseu. O serviço exclusivo, chamado de “Bleu Elysée” (Eliseu Azul), será utilizado nos jantares de Estado e vai substituir os pratos encomendados pelos ex-presidentes René Coty e Jacques Chirac.
Ostentação presidencial
As novas peças do governo Macron serão ornamentadas com um desenho inspirado do mapa do palácio presidencial, imaginado pelo artista Evariste Richier, de acordo com a diretora geral da Cidade da Cerâmica Sèvres e Limoges, que faz parte da casa de fabricação de Sèvres. “Nós ainda estamos no começo do projeto e não calculamos o preço. Vai depender do tempo que passamos na realização”, argumenta.
A casa de fabricação de Sèvres é um estabelecimento ligado ao poder político desde sua criação, em 1740, e recebeu diversas nomeações ao longo dos séculos – “real”, “imperial” e “nacional”. Hoje, a instituição é ligada ao Ministério da Cultura, de quem recebe € 4 milhões em subvenção, mas ainda não se sabe se esse é o dinheiro que será usado para pagar a conta dos pratos.
Por água abaixo
O orçamento da presidência da República aumentou em 3% em 2018, chegando a € 104 milhões, numa votação onde os deputados argumentaram que havia despesas a pagar com segurança. Mas está ficando difícil para Macron se justificar diante dos franceses: além dos pratos do Eliseu, o chefe de Estado também foi criticado por causa de um projeto de instalação de uma piscina no forte de Brégaçon, residência de verão dos presidentes desde 1968.
Antigo forte militar, o local foi “inaugurado” como casa de férias presidenciais pelo general de Gaulle, em agosto de 1964. A partir de janeiro de 1968, se tornou oficialmente uma residência do chefe de Estado. Pompidou, Giscard, Chirac, Sarkozy e Hollande passaram por lá – esse último decidiu abri-la para visitação do público.
Mas o casal Macron não se deu por satisfeito com a vista paradisíaca do local e decidiu implantar uma piscina, alimentando ainda mais as polêmicas envolvendo gastos excessivos com dinheiro público. Um dos argumentos é a ausência de privacidade na praia do local, o que justificaria a existência de uma piscina em lugar mais escondido. De acordo com o jornal Aujourd’hui en France, o custo será de € 34.000, que serão retirados do orçamento de Brégançon, de cerca de € 150.000 anuais.
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