Topo

Notícias falsas no WhatsApp provocam onda de linchamentos na Índia

04/07/2018 10h20

O governo da Índia pediu ao aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp uma ação imediata para acabar com a propagação de rumores falsos sobre tráfico de crianças que motivaram uma onda de linchamentos no país.

Mais de 20 pessoas morreram nos últimos dois meses na Índia, vítimas de notícias falsas sobre supostas presenças de sequestradores de crianças, que viralizaram no aplicativo. A plataforma é utilizada por mais de 200 milhões de pessoas na Índia, onde boa parte da população têm acesso à internet.

Os ataques, que atingem pessoas mais vulneráveis, deixam as autoridades em uma situação difícil. Entre as vítimas estão uma mendiga de 45 anos e outras três mulheres, atacadas por uma multidão de 100 pessoas em Ahemdabad, no leste do país. Em Surat, na mesma região, uma mulher foi levada com seu bebê para a delegacia, porque a população pensou que ela tivesse roubado a criança.

As campanhas de sensibilização e as declarações públicas têm um alcance limitado até o momento. Em um comunicado, o ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação disse que informou o WhatsApp sobre o problema, pedindo uma intervenção urgente. O governo também expressou sua "profunda desaprovação ante mensagens irresponsáveis e explosivas".

"O governo indiano também indicou que o WhatsApp deve atuar imediatamente para acabar com esta ameaça", completa o texto. Na carta de resposta às autoridades indianas, o WhatsApp afirma estar "horrorizado" com os linchamentos e classifica o fenômeno como um "desafio que exige que o governo, a sociedade civil e as empresas de tecnologia trabalhem lado a lado".

Aplicativo vai testar dispositivo anti-boato

WhatsApp, que pertence ao Facebook, afirmou que está testando na Índia um dispositivo para apontar se uma mensagem foi escrita por quem a envia ou se foi apenas repassada. Geralmente, os boatos são espalhados desta maneira. A empresa também destacou que irá colaborar com organizações de verificação de fatos em outros países, como Brasil e México, e afirmou que pensa na possibilidade de desenvolver esse trabalho na Índia.