Macron negligencia combate às desigualdades e causa revolta em aposentados
Em chamada de capa para uma pesquisa encomedada pelo jornal, Libération destaca que dois terços dos franceses (66%) consideram Macron pouco comprometido com a redução das desigualdades sociais no país. A sondagem do instituto ViaVoice mostra, por outro lado, que também existem "verdadeiras razões de satisfação com o poder Executivo".
A maioria dos franceses concorda com um fundamento de base do macronismo na área social: é melhor conceder menos benefícios sociais e dar mais apoio financeiro do Estado à reintegração no mercado de trabalho.
Os entrevistados na pesquisa consideram uma "prioridade" o estabelecimento de medidas para "investir mais na educação, formação e aprendizado técnico" (61%), para "reforçar o apoio às pessoas com dificuldades de reintegração" (43%) e "ampliar os controles para desencorajar o assistencialismo" (42%). Apenas 24% dos franceses estimam que aumentar os benefícios sociais é uma prioridade nesse momento.
Congelamento das aposentadorias
O primeiro-ministro Edouard Philippe, um político de direita, segue à risca o receituário da contenção de gastos. Ontem, Philippe anunciou que diante da previsão de crescimento menor do que o previsto para 2019 – 1,7% ao invés de 1,9% –, o governo fará um reajuste de apenas 0,3% nas aposentadorias e em dois benefícios sociais atribuídos principalmente às famílias carentes e estudantes, nos próximos dois anos.
Segundo o diário econômico Les Echos, a medida deverá gerar € 3 bilhões de economias para os cofres do Estado em 2019. Paralelamente, o governo ressuscitou uma medida do ex-presidente Nicolas Sarkozy que diminui o imposto nas horas extras. A mensagem do governo é clara: contem menos com o Estado para complementar a receita mensal e valorizem o trabalho.
As escolhas do presidente e do primeiro-ministro estão sendo criticadas. Vários economistas disseram que medidas semelhantes foram adotadas no passado sem alcançar o resultado desejado. Este ano, os franceses enfrentam um agravante: a inflação está de volta, como lembra a manchete do Le Parisien.
Os preços aumentaram em média 2,3% em julho, enquanto os salários estão estagnados. Em seu editorial, o diário diz que a inflação é como o colesterol – às vezes bom, às vezes ruim para a saúde. No caso da França, o risco é que as medidas do governo, associadas ao aumento da inflação, venham a gerar uma perda de confiança nos consumidores, provocando novamente um bloqueio da economia.
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