Com Donald Trump, Conselho de Segurança da ONU será imprevisível
Nathalia Watkins, correspondente da RFI em Washington
O clima é de tensão e muitas incertezas giram em torno da liderança do presidente Donald Trump no órgão mais exclusivo das Nações Unidas, responsável pela manutenção da paz e da segurança a nível mundial. Inicialmente, estava planejado que a reunião focaria nas violações ao direito internacional do Irã, mas decidiu-se abordar de maneira geral a proliferação de armas nucleares para evitar que seja estabelecido o direito de resposta do presidente iraniano, Hassan Rouhani.
Ainda não se sabe ao certo se o presidente seguirá o plano, o que pode resultar em uma interação entre Trump e Rouhani. Ainda assim, é improvável que alguma decisão contra o Irã seja tomada no encontro. Os outros quatro membros permanentes do grupo, China, Rússia, Reino Unido e França, mantém o acordo nuclear que firmaram em 2015 e do qual Trump retirou os Estados Unidos. O tratado suspendeu as sanções contra Teerã em troca de concessões no programa nuclear iraniano. Em todo caso, espera-se que Trump volte a atacar duramente o país.
Confronto com Bolívia
Outra possível interação que chama atenção é com o presidente da Bolívia, Evo Morales. O país iniciou uma participação de dois anos no Conselho de Segurança em 2017. Morales é um feroz crítico de Donald Trump e já chegou a dizer que o presidente americano tem problemas mentais e é que tem preconceito contra latino-americanos. Durante os últimos 21 meses, a Bolívia usou seu assento no grupo para alfinetar os americanos sempre que teve oportunidade.
O foco de Trump mudou completamente do ano passado para este ano. Em 2017 as atenções de Trump estavam voltadas para a Coreia do Norte, quando o americano assegurou que Kim Jon-un era um "homem foguete" com uma "missão suicida" e ameaçou destruir o país. Um ano depois, nesta terça-feira (25), Trump elogiou a coragem do líder norte-coreano no processo de diálogo e ignorou evidências de que o país não se afastou do caminho nuclear.
"Ditadura corrupta do Irã"
O americano focou no Irã. Ele afirmou que os líderes iranianos fazem parte de uma "ditadura corrupta" e buscam semear "caos, morte e destruição". Trump lançou uma campanha de pressão econômica para impedir o acesso do Irã a fundos para desenvolvimento regional e pediu que as nações aliadas isolem as lideranças iranianas, enquanto ainda houver agressões. Em resposta, Rouhani afirmou que a “segurança internacional não é um brinquedo da política doméstica americana”. Outros líderes, como o francês Emmanuel Macron, adotaram tom mais conciliador e pediram a cooperação internacional.
O assunto da reunião desta quarta-feira foi escolhido pela Casa Branca. Em geral, o país que preside o Conselho é que escolhe a pauta do encontro. Essa será apenas a terceira vez na história que um presidente americano preside a sessão. O democrata Barack Obama presidiu as outras duas reuniões, em 2009 e 2014.
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