Topo

Depois de "não" da França para atracar em Marselha, Aquarius muda de rota para salvar migrantes

25/09/2018 07h38

Depois de perder a bandeira marítima do Panamá, o navio Aquarius, utilizado pelas ONGs Médicos Sem Fronteiras e SOS Mediterrâneo para salvar migrantes, pediu autorização ao governo francês para atracar em Marselha, com 58 pessoas a bordo. O país entretanto, não aceitará o pedido, segundo a ministra francesa dos Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau.

A ministra declarou nesta terça-feira (25) esperar que uma “solução seja encontrada para o navio”, mas disse que ele não poderá desembarcar em Marselha. “Estamos conversando com outros países europeus para achar um porto e repartir, entre os países progressistas voluntários, os candidatos a asilo político que estão a bordo”, declarou.

Segundo ela, os ministros da União Europeia trabalham “sem interrupção” e é possível que uma solução seja encontrada “ainda hoje”. O Executivo não esconde sua preferência por uma solução europeia, como deixou claro nesta segunda-feira (24). “O dia em que um barco com pessoas em situação crítica chegar a Marselha nós o receberemos. Mas esse não é o caso do Aquarius agora” justificou.

O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, pediu o fechamento dos portos italianos, o que dificulta a situação, além do fato de o Aquarius ter pedido sua bandeira marítima panamenha.  A ministra francesa lamentou que os países mais próximos da costa líbia, como a Itália e Malta desrespeitem o direito internacional. A ministra francesa ainda lembrou que o número de migrantes que atravessam o Mediterrâneo diminuiu, mas a atuação dos coiotes ainda é relevante.

Mudança de rota

Na França, a oposição criticou a atitude do governo ao negar que o Aquarius atracasse em Marselha. “Não podemos negar ajuda a alguém que está correndo risco de vida”, disse o porta-voz do Partido Socialista, Boris Vallaud, que condenou a atitude do governo, “que olha para o lado como se o problema não fosse com ele”. O presidente do partido Générations, Benoît Hamon, disse que o "não do governo é o de um poder moralmente decadente, incapaz de honrar nosso dever mais simples de humanidade".

Nesta terça-feira (25), o Aquarius que navegava em direção à Marselha desviou sua rota para socorrer outros cerca de 100 imigrantes a bordo de um bote de borracha.