Brasileiros da Cisjordânia estão indignados com possível transferência da embaixada do Brasil para Jerusalém
Mais de cinco mil palestinos de origem brasileira moram na Cisjordânia. Muitos vêm manifestando sua indignação com a possível transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém: uma promessa de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro.
De acordo com a ONU, Jerusalém deveria ser uma cidade internacionalizada por sua importância para as três maiores religiões monoteístas do mundo: cristianismo, islamismo e judaísmo. Mas a cidade sagrada é considerada por Israel, atualmente, como sua capital indivisível. Já os palestinos querem Jerusalém como sua capital.
No segundo turno das eleições, 90% dos brasileiros palestinos votaram no candidato do PT, Fernando Haddad. A comunidade brasileira na região sempre apreciou a política internacional dos governos petistas, que, para muitos deles, tinha tendência pró-palestina.
Para esses brasileiros, com a possível transferência da embaixada do Brasil, Bolsonaro está complicando a situação e prejudicando a imagem do país no Oriente Médio.
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A ativista e historiadora Ruayda Hussein Rabah, de 48 anos, nascida no Paraná e que mora na Cisjordânia há 19 anos, trabalhou como mesária nas eleições de outubro e presenciou a votação em massa dos brasileiros palestinos em Fernando Haddad para presidente.
Ela disse ter levado um choque com o anúncio de Bolsonaro. Segundo Ruayda, o Brasil sempre atuou no Oriente Médio como interlocutor e um agente da paz entre israelenses e palestinos e sempre respeitou acordos internacionais e resoluções da ONU.
Violação do direito internacional
A posição dos acadêmicos palestinos sobre a possibilidade da mudança da embaixada brasileira é ainda mais contundente. Segundo Daoud Kuttab, professor de jornalismo palestino, nos territórios palestinos, já se fala em boicotar carne do Brasil, assim como outros produtos. Segundo ele, o país ficaria isolado em termos diplomáticos por violar o direito internacional.
Daoud Kuttab afirma que Bolsonaro está "agindo como fantoche do presidente americano, Donald Trump", que transferiu a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém em abril deste ano para agradar seus eleitores evangélicos.
O professor palestino também chamou de “circo” e de “exibicionismo” a intenção de Bolsonaro de remover a embaixada palestina em Brasília para outro local. Há uma semana, o pesselista afirmou, em entrevista ao jornal conservador Israel Hayom, de maior circulação no país, que a embaixada palestina fica próxima demais do Palácio do Planalto.
Até agora, apenas a Guatemala seguiu os passos dos Estados Unidos. O Paraguai chegou a fazer o mesmo, mas voltou atrás quatro meses depois.
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