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Ameaça cibernética vai ser discutida em Fórum da Governança da Internet, em Paris

12/11/2018 11h00

“Um apelo pela paz digital”, diz o jornal Libération a respeito do Fórum sobre a Governança da Internet, que tem início nesta segunda-feira (12), na sede da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris. Representantes de cerca de 40 países estão presentes, inclusive do Brasil.

“Cyberataques, uma nova guerra fria”, alerta o jornal em manchete de primeira página, que traz a caricatura de um jovem sentando diante de um computador, com uma fileira de soldados às costas.

“Enquanto a corrida às armas digitais se acelera, as negociações internacionais estão encalhadas”, explica o Libération. O encontro vai ser aberto pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que lança um apelo pela segurança do espaço cibernético.

Busca de um espaço seguro e pacífico

Os participantes vão discutir propostas de enquadramento jurídico, tendências mundiais e riscos potenciais, assim como boas e más práticas já adotadas ou em preparação. O objetivo é reunir países, empresas digitais e atores da sociedade civil em um mesmo movimento de “apoio a um espaço cibernético aberto, seguro, estável, acessível e pacífico”.

A iniciativa, explica o jornal francês, acontece após uma década marcada por ataques cada vez mais graves e pela incapacidade das grandes potências em estabelecer regras comuns. Isso, segundo Libération, “abre um fosso entre ocidentais de um lado, e Rússia e China de outro, estes últimos seguidos por países emergentes”.

Um acordo de boas intenções deverá ser assinado no final do encontro, na quarta-feira (14), por representantes de cerca de 40 países. A Rússia, no entanto, já se disse contra, segundo Libération, enquanto a Índia reflete a respeito. Entre os pontos de discórdia estão a aplicação dos princípios de soberania e de não-ingerência.

Internet como arma de guerra

Libération martela em seu artigo de capa sobre a capacidade de a Internet ser uma arma de guerra. Em 2013, a França declarou que passado um certo nível de gravidade, um ataque informático pode ser considerado “um verdadeiro ato de guerra”. Com a consequência implícita de provocar uma réplica com modos convencionais. Os Estados Unidos já adotaram esse conceito desde 2011.

Os governos internacionais se preparam, como conta Libération. A Grã-Bretanha deve empregar, segundo a mídia britânica, cerca de duas mil pessoas para sua nova força de ofensiva cibernética, ao custo de um equivalente de mais de R$ 1 bilhão.

A França se gaba de recrutar batalhões de “soldados cibernéticos”, ofensivos e defensivos. Mais mil combatentes vão se juntar até 2025 aos três mil soldados já em combate, segundo a ministra francesa do Exército, Florence Parly.

Os Estados Unidos estão longe na dianteira, conta Libération, com o seu “comando cyber”, que conta hoje com um contingente de 7 mil pessoas, número que deve triplicar até 2028. Sem contar os 38 mil integrantes da NSA, a poderosa agência americana de informações técnicas.