Cúpula na Itália sobre o futuro da Líbia afunda em divergências
Chefes de Estado e de governo de cerca de 30 países foram convidados para a conferência na Itália para tratar sobre a estabilização da Líbia, atingida por divisões e lutas de poder desde a queda do regime de Muammar Khaddafi, em 2011. Depois de um encontro em maio, em Paris, o governo italiano queria que Palermo servisse de apoio ao “mapa da paz” das Nações Unidas para a Líbia.
"Não queremos, quero ser claro, nunca pretendi fornecer, através desta conferência, a solução para a crise da Líbia", reconheceu nessa terça-feira, durante a sessão plenária única, o chefe de governo Italiano Giuseppe Conte. "A Itália e a comunidade internacional apoiam o trabalho das Nações Unidas. É necessário superar o impasse em que o processo líbio se encontra por muito tempo", disse Conte em entrevista ao jornal italiano La Stampa.
A Itália mantém laços históricos com o país, que foi uma de suas colônias, e está preocupada com a imigração. Além disso, a estabilidade nesse país do norte da África é considerada uma condição essencial para o equilíbrio do Mediterrâneo.
A Itália convidou líderes e representantes tribais, assim como representantes de países europeus, árabes e dos Estados Unidos. A União Europeia foi representada no encontro pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e pela chefe da diplomacia, Federica Mogherini.
O marechal líbio Khalifa Haftar foi convidado para negociações com o chefe do governo da União Nacional (GNA), Fayez al Sarakh, com o presidente do Parlamento, Aguila Salah, e do Conselho de Estado (equivalente ao Senado em Trípoli), Khaled al Mechri. Considerado por seus detratores como o maior obstáculo para o processo de estabilização deste rico país petrolífero, Haftar luta contra o extremismo islamita e informou que não queria se sentar para negociar junto a representantes desse movimento.
"Ao não confirmar sua presença, Haftar quer demonstrar que é chave para todo acordo (...) e se fortalece", argumenta Mohamed ElKharh, um analista líbio.
Encontro informal
No entanto, Haftar concordou em se reunir na manhã desta terça-feira com representantes de vários países ativos na questão da Líbia, incluindo Egito, Rússia, Argélia, Tunísia e França. O chefe do Governo da União Nacional (GNA), reconhecido internacionalmente, Fayez al-Sarraj, também esteve presente nesta "reunião informal" convocada por Giuseppe Conte.
A Turquia, que foi excluída deste último encontro, optou por deixar a conferência, dizendo estar "profundamente desapontada". "Qualquer reunião que exclua a Turquia só pode ser contraproducente para a solução do problema", disse o vice-presidente turco, Fuat Oktay, cujo país tem papel fundamental na crise da Líbia.
"Infelizmente, a comunidade internacional não conseguiu se unir nesta manhã", informou Ankara. A Turquia tem uma relação difícil com o Egito, um dos principais defensores do marechal Haftar.
"Todo país tem o direito de ter suas próprias ambições na Líbia, mas todos devem admitir que a realização dessas ambições primeiro requer uma Líbia em paz, na preservação de sua unidade e integridade", disse o primeiro-ministro argelino, Ahmed Ouyahia, durante a reunião informal da manhã.
"O papel da comunidade internacional é apoiar um acordo na Líbia, sem preconceitos", disse o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, citado no Cairo por um porta-voz.
Apesar das divergências, Giuseppe Conte e o enviado da ONU na Líbia, Ghassan Salamé, acreditam na utilidade do encontro. "As Nações Unidas devem continuar sendo o centro do processo de estabilização da Líbia", disse Conte.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, presente em Palermo, permaneceu discreto e deixou a Sicília sem fazer qualquer declaração.
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