Militantes são agredidas sexualmente e eletrocutadas em interrogatórios na Arábia Saudita, afirmam ONGs
Em junho passado, no mesmo momento em que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita anunciava que as mulheres do reino poderiam dirigir, como prova de uma abertura para a modernidade, vários militantes feministas eram torturados nas prisões do país. “Durante os interrogatórios, essas presas foram submetidas a sessões de eletrochoque”, conta Lynn Maalouf, da Anistia Internacional, em entrevista a RFI.
A ONG colheu relatos de chicotadas e outros tipos de tortura durante os interrogatórios. “As mulheres foram vítimas de agressões sexuais por parte dos investigadores. Uma das presas tentou se suicidar várias vezes em sua cela. Há militantes que não conseguem mais andar ou ficar em pé”, afirma. A ONG Human Rights Watch também diz ter obtido a confirmação de que pelo menos três militantes sauditas foram torturadas enquanto estavam presas.
Detidas quando militavam pelos direitos das mulheres
Os militantes foram presos quando faziam campanha para que as mulheres pudessem ter o direito de dirigir na Arábia Saudita. Alguns deles já foram soltos, mas pelo menos seis continuam detidos, apesar dos apelos feitos por um grupo de peritos das Nações Unidas.
As autoridades locais rejeitaram imediatamente as acusações feitas pelas duas ONGs. “Qualquer pessoa, homem ou mulher, visada por uma investigação, é submetida a um processo normal, sob a autoridade de Ministério Público. O sistema judiciário da Arábia Saudita não autoriza em nenhum caso a tortura, seja ela física, sexual ou psicológica”, declarou um representante do governo.
No entanto, as ONGs insistem e alertam a comunidade internacional. “Temos motivos para estarmos extremamente preocupados com a situação nessas prisões. Pedimos que os aliados da Arábia Saudita tomem medidas concretas para pressionar as autoridades sauditas, para que essas pessoas sejam soltas imediatamente”, conclui Lynn Maalouf.
As denúncias são feitas em um momento em que a Arábia Saudita é alvo de fortes críticas internacionais, principalmente após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado dentro do prédio do consulado saudita em Istambul, no início do outubro. O cadáver do repórter, que se opunha ao regime, teria sido dissolvido pelos torturadores.
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