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Neonazista que atropelou manifestantes em Charlottesville começa a ser julgado

26/11/2018 15h41

Nesta segunda-feira (26), começa nos EUA o julgamento do jovem James Alex Fields, acusado de assassinato. Em 2017, ele avançou o carro contra uma manifestação de militantes antifascistas na cidade de Charlottesville. Heather Heyer, de 32 anos, foi morta no ato, que reascendeu o debate sobre as violências cometidas pela extrema direita no país.

Nesta segunda-feira (26), começa nos EUA o julgamento do jovem James Alex Fields, acusado de assassinato.

Com informações do correspondente em Nova York, Grégoire Pourtier

Os eventos da cidade de Virginia se tornaram símbolo da disputa entre a extrema direita, que organizou a primeira mobilização de teor supremacista na localidade e a “resistência” antirracista. O ataque de Charlottesville de agosto de 2017 foi o clímax dos conflitos – e chegou até a ser retratado no filme “BlacKKKlansman”, do engajado diretor Spike Lee.

O presidente Donald Trump preferiu não se posicionar a respeito, “para não colocar todo mundo no mesmo saco” e foi bastante criticado. Mas a partir desta segunda-feira, o processo de James Alex Fields, admirador de Adolf Hitler, vai reabrir as feridas em relação a esse assunto.

O jovem, que tinha 20 anos na época, está sendo acusado de assassinato. Seus defensores não revelaram, até agora, como pretendem argumentar, e há pouca informação sobre as motivações por trás do ato. Fields alega sofrer de bipolaridade.

Figuras importantes do Alt-right, da extrema direita americana, preferiram evitar qualquer associação com Fields. Mas uma parte de seus militantes tentaram uma nova operação supremacista, um ano depois dos acontecimentos de Charlottesville. O evento reuniu apenas algumas pessoas diante da Casa Branca, em Washignton.

Spike Lee se pronunciou sobre o assunto no Festival de Cannes 2018

O diretor Spike Lee, autor de obras que discutem a questão racial nos EUA, se pronunciou sobre os atos racistas e supremacistas no Festival de Cannes desse ano na França. "Nós temos um cara na Casa Branca, eu nem vou pronunciar o maldito nome dele, que, nesse momento decisivo, poderia ter escolhido o amor contra o ódio. Mas esse filho da puta não denunciou a porra da Klan, o Alt-right e esses filhos da puta nazistas", disse Lee na época.

“Essa tal América, berço da democracia, é uma grande mentira. Os Estados Unidos da América foram construídos em cima do genocídio dos povos nativos e da escravidão”, declarou o cineasta. “Essa porcaria de extrema direita não está só nos Estados Unidos, essa merda se espalhou pelo mundo e precisamos acordar. Não podemos ficar calados. Não é um problema de preto, branco ou marrom, é de todos. Vivemos todos no mesmo planeta e esse cara na Casa Branca tem o código nuclear”, afirmou Lee.