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Macron reconhece revolta da população, mas não revoga aumento dos combustíveis

27/11/2018 10h07

O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou nesta terça-feira (27) seu plano para a política energética da França nos próximos anos. Diante de uma intensa revolta social contra o aumento dos combustíveis anunciado para 2019, o chefe de Estado ratificou que seu governo ouve a insatisfação da população, mas não mudará de rumo e manterá a medida.

O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou nesta terça-feira (27) seu plano para a política energética da França nos próximos anos.

Segundo Macron, "é preciso ouvir o alarme social", mas sem "renunciar às responsabilidades diante do alarme ambiental". Evocando o movimento dos "coletes amarelos", "responsável por manifestações importantes mas também por violências inaceitáveis", o presidente disse que não se pode confundir os vândalos com "os cidadãos que querem passar uma mensagem".

Os coletes amarelos protestam há mais de uma semana contra o aumento do imposto sobre o combustível, previsto a partir de 1° de janeiro de 2019: um acréscimo de € 0,065 por litro de diesel e € 0,029  por litro de gasolina. O governo alega que o montante servirá para os projetos de transição ecológica na França.

Para responder à revolta dos manifestantes, Macron prometeu nesta terça-feira realizar uma transição ecológica e social com "soluções e acompanhamento" nos próximos três meses. "Quero que os franceses entendam, especialmente aqueles que dizem 'ouvimos o governo falando do fim do mundo, mas nós estamos preocupados é com o fim do mês', que vamos cuidar destas duas questões", garantiu.

O chefe de Estado também declarou que irá mudar os métodos de trabalho e explicar de forma mais pedagógica o porquê de cada medida tomada pelo governo. Para ele, é preciso mostrar, na prática, como as ajudas do governo poderão mudar a vida da população para melhor.

A mobilização dos coletes amarelos continua ativa em diversas estradas francesas. O ministro francês da Ecologia, François de Rugy, receberá os líderes do movimento na tarde desta terça-feira. Na segunda-feira (26), os manifestantes anunciaram a criação de uma delegação composta por 8 membros oficiais para dialogar com o governo.

Investimento em energias renováveis

Outras medidas ambientais foram anunciadas por Macron. Entre elas, o aumento do apoio às energias renováveis que irá passar de € 5 bilhões a "€ 7 bilhões a € 8 bilhões por ano", com a triplicação do eólico terrestre e a multiplicação por cinco do fotovoltaico até 2030.

O presidente também prometeu o fechamento de 14 dos 58 reatores franceses até 2035. Segundo ele, os primeiros a serem desativados serão dois da central nuclear de Fessenheim, no leste da França, em 2020.  Entretanto, Macron garantiu que não haverá o fechamento completo dos centrais nucleares, com o objetivo de limitar as consequências sociais e econômicas para os territórios.