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Impasse sobre orçamento mantém paralisação de agências americanas 

27/12/2018 00h00

As instituições federais dos Estados Unidos estão funcionando apenas parcialmente desde sábado (22), quando o Senado não aprovou a proposta de orçamento que incluiria o valor da construção de um muro na fronteira com o México, promessa de campanha de Donald Trump criticada pela oposição. Sem avanço nas negociações entre democratas e republicanos, funcionários públicos nos Estados Unidos se preparam para enfrentar uma longa paralisação do governo.

As instituições federais dos Estados Unidos estão funcionando apenas parcialmente desde sábado (22), quando o Senado não aprovou a proposta de orçamento que ...

Com informações da correspondente da RFI em Washington, Nathalia Watkins

Parques federais estão fechados, assim como vários monumentos. Cerca de 380 mil servidores foram dispensados porque o governo não tem como pagá-los. Outros 420 mil foram considerados essenciais e, portanto, trabalham sem receber. 

Trump vê a paralisação como uma oportunidade de pressionar o Congresso para concretizar a construção da barreira. No ano que vem, o cenário se complica para o presidente, já que republicanos perdem o controle de uma das Casas, a Câmara dos Representantes, a partir de janeiro.

Na quinta-feira, Trump voltou a dizer que a paralisação parcial no governo só terminará com uma definição sobre o projeto do muro na fronteira com o México. Ele não deu qualquer previsão para a solução da situação.

Durante uma viagem surpresa ao Iraque, o republicano reafirmou que o muro é necessário para a proteção de norte-americanos. Na véspera, Trump já havia sinalizado que não pretende mudar de ideia.

Em uma série de tuítes furiosos, culpou democratas pela paralisação. A Casa Branca exige que seja aprovado um orçamento de US$ 5.7 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México, o que democratas consideram um desperdício de dinheiro público. 

A história se repete

Esse é o terceiro fechamento administrativo que Trump enfrenta apenas neste ano. O primeiro, em janeiro, durou três dias. O segundo, em fevereiro, teve duração de apenas algumas horas. Esta é a primeira vez em 40 anos que o governo fecha parcialmente três vezes em um mesmo ano, e também uma das poucas vezes na história em que isso acontece enquanto um só partido controla o Congresso.

Porém, as paralisações, ou shutdowns, não acontecem só com Trump. O democrata Barack Obama enfrentou um shutdown de 16 dias, em 2013, quando os republicanos tentavam adiar em um ano a entrada em vigor da lei de assistência à saúde de Obama – o chamado “Obamacare”. 

Os democratas tomam controle da Câmara dos Representantes em janeiro e devem aprovar rapidamente uma medida que garanta o financiamento do governo sem o adicional para o muro proposto pelo presidente. Não está claro se a decisão passaria também pelo Senado, onde republicanos terão sua maioria reforçada.

Desde a criação do processo orçamentário atual, em 1974, o governo foi paralisado inúmeras vezes. A mais longa pausa durou 21 dias, entre 1995 e 1996, por causa de um conflito entre o então Presidente Bill Clinton e um congresso republicano sobre o financiamento do Medicare