"Beber água da torneira de Paris faz bem para a saúde", afirma especialista
O Centro de Informação sobre a Água (CEIA) publicou, no fim de 2018, seu relatório anual onde aponta as características principais da relação dos franceses com o líquido. A RFI conversou com a diretora da instituição, Maryllis Macé, que detalhou os problemas do ano que passou e os desafios para 2019 e ressaltou a qualidade excepcional da água parisiense, geralmente criticada por sua enorme quantidade de calcário.
O Centro de Informação sobre a Água (CEIA) publicou, no fim de 2018, seu relatório anual onde aponta as características principais da relação dos ...Na edição 2018 do “Barômetro Nacional” do CEIA, foi apontado um aumento no número de franceses que consomem, no cotidiano, água da torneira, em lugar de comprarem garrafas (na França, os filtros domésticos são raros). Oito a cada dez pessoas se declararam satisfeitas do serviço de água no país e a mesma proporção tem confiança na qualidade do líquido que chega direto na pia da cozinha.
“Na França, temos serviços públicos e profissionais que nos permitem ter uma água de qualidade sanitária, sem nenhum problema para a saúde, podemos bebê-la sem preocupação”, afirma Maryllis Macé. “A única questão é o calcário. Ainda que ele não seja bom para nossos eletrodomésticos, o calcário faz bem para a saúde, porque é rico em magnésio e cálcio. Esses dois minerais são ótimos para o corpo”, defende.
Os turistas, incluindo brasileiros, em geral desconfiam da ingestão segura da água que sai direto da torneira, mas não são os únicos. Na região metropolitana de Paris, por exemplo, ainda que apreciada em casos de urgência, a água da torneira tem gosto de cloro para 85% das pessoas, que também criticam a forte presença do calcário (61%).
De acordo com o CEIA, o calcário chega a ser necessário para a boa saúde, ainda que possa modificar o gosto da água. “De origem essencialmente subterrânea (lençóis freáticos alimentados por infiltrações de água de chuva), a água da torneira é naturalmente carregada de sais minerais e elementos essenciais para a boa forma, como fósforo, cálcio e magnésio”, diz o relatório do centro de estudos, que também ressalta a presença de calcário nas garrafinhas compradas no supermercado.
Consumidores sensíveis à mudança climática
Outro ponto abordado no relatório do CEIA foi a sensibilização quanto às mudanças climáticas e à necessidade de conservação da água. 54% dos franceses, segundo o documento, se dizem prontos a pagarem mais caro na conta, desde que isso signifique um avanço em termos de preservação dos recursos hídricos.
“Quando vemos os resultados do nosso barômetro, notamos que nossos cidadãos são conscientes do estado dos recursos, tanto da qualidade como da quantidade. O consumidor de água [na França] é verdadeiramente ‘eco-responsável’”, declara Maryllis Macé. “Quando usam água, eles querem a opção menos poluente e mais econômica. Inclusive, quase nove a cada dez franceses são econômicos na utilização da água.”
Uma mudança de atitude importante para o país europeu, onde as banheiras são comuns e fazem parte de maior parte das casas e apartamentos, é o hábito de tomar banho apenas com o chuveiro. “Vimos muitas mudanças na arquitetura, com a queda na aquisição de banheiras, substituídas por duchas simples”, destaca a diretora do CEIA, para quem “entre três e cinco minutos” sob a água é suficiente para se limpar.
Canalização francesa está quase obsoleta
Por fim, Maryllis Macé disse que o maior conflito de 2018, em relação à administração da água na França, foi o diagnóstico de que um litro a cada cinco se perde nos canos franceses. “Isso significa que nosso patrimônio de canalização envelheceu e chegou a hora de o substituir. Em 2019, precisaremos reduzir o desgaste de certos serviços franceses, que hoje se encontram quase obsoletos”, justificou.
A responsável pelo CEIA também lembrou que, além do investimento governamental para reformar o sistema de canalização no país, cada um dos moradores da França pode fazer sua parte. “Sabemos que um vazamento na privada representa 200 metros cúbicos de água que poderiam ser economizados”, alerta.
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